Manifestantes atacam posto do Exército venezuelano em Pacaraima (RR)
Prédio foi atingido por pedras e coquetéis molotov na fronteira entre o Brasil e a Venezuela. Militares reagiram com bombas de efeito moral
atualizado
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É tensa a situação na fronteira entre Brasil e Venezuela, em Pacaraima (RR), no fim da tarde deste sábado (23/2). Um grupo de manifestantes atacou um posto do Exército venezuelano na divisa com pedras e coquetéis molotov. Parte da edificação e, pelo menos, um carro foram incendiados.
Segundo a GloboNews, o confronto ocorreu pouco tempo depois de caminhões com ajuda humanitária retornarem ao lado brasileiro na fronteira por causa de tumulto entre voluntários.
Manifestantes venezuelanos que estavam em território brasileiro incendiaram veículos estacionados em um posto de combustíveis a poucos metros do posto aduaneiro, já no território da Venezuela.
Os militares avançaram em direção ao manifestantes, lançando pedras, bombas de gás lacrimogêneo e disparando balas de borracha contra a multidão.
Os militares brasileiros criaram uma barreira para que os manifestantes venezuelanos pudesse recuar e a situação acalmar-se para evitar uma escalada desnecessária.
Mais cedo, o governo brasileiro havia confirmado a passagem “exitosa” dos donativos recolhidos no país para o lado venezuelano. Pela manhã, ao menos três caminhões com mantimentos foram incendiados pelas forças da Venezuela na fronteira entre o país e a Colômbia.
Fronteira com a Colômbia
Na cidade de Ureña, na fronteira da Venezuela com a Colômbia, os primeiros ataques ocorreram durante a manhã, após o anúncio do governo de fechar as divisas entre os dois países.
Durante o protesto, a população colocou fogo em pneus para fazer uma barricada e lançou pedras contra os militares, que tentam dispersar o grupo com gás lacrimogêneo e balas de borracha. Uma pessoa chegou a ser detida.
Os manifestantes buscam cruzar a fronteira desde cedo, como fazem diariamente. Muitos deles trabalham no país vizinho.
A vice-presidente de Nicolás Maduro, Delcy Rodríguez, anunciou nas redes sociais, na noite dessa sexta-feira (22), que a fronteira com a Colômbia seria fechada completamente de forma temporária. “Quando forem controladas as ações de violência contra nosso povo e nosso território, será restabelecida a normalidade fronteiriça”, garantiu.
Caminhões
Mais cedo, caminhões destacados para transportar a primeira remessa de ajuda humanitária do Brasil para a Venezuela partiram de Boa Vista, em Roraima, para a fronteira entre os dois países, que está fechada desde quinta (21).
Os veículos, dois caminhões com placas e motoristas venezuelanos, foram escoltados pela Polícia Rodoviária Federal e pelo Exército durante os 220 km que levam até a cidade de Pacaraima, situada na própria fronteira.
Para essa cidade também se dirigiu o ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, e a advogada María Teresa Belandria, embaixadora no Brasil designada pelo presidente da Assembleia Nacional (Parlamento) da Venezuela, Juan Guaidó, que se autoproclamou presidente interino em janeiro.
Guaidó se pronuncia
No início da tarde deste sábado (23/2), o presidente interino da Venezuela e líder oposicionista, Juan Guaidó, garantiu que a ajuda humanitária vai chegar ao país. Em pronunciamento após reunião com outros chefes de Estado, como o presidente da Colômbia, Ivan Duque, Guaidó fez um apelo às Forças Armadas venezuelanas que bloqueiam as fronteiras do país para liberarem a entrada dos caminhões com suprimentos.
“Há quem pretenda bloquear a passagem, gerando violência, enquanto estamos aqui recolhendo ajuda em uma ação pacífica que busca salvar vidas”, apontou.
Sobre o pedido aos militares de que liberem a passagem dos caminhões, ele disse: “Bem-vindos ao lado certo da história”. No pronunciamento, Guaidó prometeu anistia e garantias a todos os integrantes das Forças Armadas que decidirem cooperar com o grupo oposicionista.