Maduro prende vice-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela
Édgar Zambrano e mais nove deputados foram acusados de traição pelo Tribunal Supremo do país por apoiarem levante convocado por Guaidó
atualizado
Compartilhar notícia
O Serviço Bolivariano de Inteligência (Sebin) prendeu nesta quarta-feira (08/05/2019) o vice-presidente da Assembleia Nacional da Venezuela, Édgar Zambrano. Ele e mais nove parlamentares do país foram acusados de traição pelo Tribunal Supremo de Justiça, por apoiarem o levante popular convocado pelo autoproclamado presidente interino do país, Juan Guaidó, na semana passada, a fim de depor o presidente eleito, Nicolás Maduro – considerado “ursupador” pelos opositores.
Zambrano publicou em sua conta no Twitter que estava cercado pelos agentes da Sabin, na saída da sede do partido Ação Democrática, em Caracas, capital venezuelana. Confira:
Fuimos sorprendidos por el SEBIN, al negarnos salir de nuestro vehículo, utilizaron una grúa para trasladarnos de manera forzosa directamente al Helicoide. Los demócratas nos mantenemos en pie de lucha.
— Edgar Zambrano (@edgarzambranoad) 8 de maio de 2019
Alertamos a todo el pueblo de Venezuela en este momento 6:35pm estamos rodeados por el SEBIN, nos encontramos dentro de nuestro vehículo desde la instalaciones de Acción Democrática en la Florida.
— Edgar Zambrano (@edgarzambranoad) 8 de maio de 2019
Segundo o político, ele seria levado, de maneira forçada, para o Helicoide, edifício que sedia o serviço de inteligência do país, na capital, e também de prisão. “Nós, democratas, nos manteremos em pé de guerra”, disse.
Juan Guaidó também denunciou a prisão, considerada por ele como sequestro do vice-presidente da Assembleia, via Twitter.
Alertamos al pueblo de Venezuela y la comunidad internacional:
El régimen secuestró al primer vicepresidente de la @AsambleaVE @edgarzambranoad.
Intentan desintegrar el poder que representa a todos los venezolanos, pero no lo van a lograr. pic.twitter.com/pA7vvV2nbu
— Juan Guaidó (@jguaido) 8 de maio de 2019
Ao todo, 10 parlamentares podem ir a julgamento na Suprema Corte venezuelana, sob acusação de traição, conspiração e rebelião. São eles, além de Zambrano, Freddy Superlano, Sergio Vergara, Juan Andrés Mejía, Mariela Magallanes, Américo de Grazia, Henry Ramos Allup, Luis Florido, Simón Calzadilla e Richard Blanco.
Eleições livres
O Grupo Internacional de Contato (GIC), do qual fazem parte oito países da União Europeia (França, Alemanha, Itália, Países Baixos, Portugal, Espanha, Suécia e Reino Unido) e mais três nações da América Latina (Uruguai, Equador e Costa Rica), divulgou declaração em apoio a uma missão política à Venezuela. O objetivo é apresentar e discutir opções concretas para uma solução pacífica e democrática aos conflitos no país.
O documento é resultado de encontro, a nível ministerial, realizado em San José, na Costa Rica, durante o qual os integrantes do grupo reafirmaram seus compromissos com uma saída “decidida pelos próprios venezuelanos, mediante a realização de eleições presidenciais livres e justas o quanto antes”. É a mesma posição defendida pelo Brasil, que apoiou o movimento deflagrado por Juan Guaidó.
De acordo com a documento publicado, é fundamental um processo político com credibilidade e, para isso, são necessárias “medidas urgentes significativas para forjar confiança, tais como a liberação de presos políticos e mudanças nos respectivos poderes do Estado, a fim de torná-los independentes e que prestem contas de seus atos”. Para o grupo, a prioridade é frear a escalada de violência, restaurar a democracia, o Estado de Direito e a separação dos poderes.
“O GIC condena firmemente os processos judiciais viciados destinados a criminalizar os protestos e as opiniões políticas, tais como as ações empreendidas contra vários Representantes da Assembleia Nacional. Os dirigentes e membros dos partidos precisam levar seu trabalho de maneira pacífica, sem intimidação nem represálias”, diz trecho da declaração. “A Assembleia Nacional, eleita democraticamente e presidida por Juan Guaidó, deve ser o centro da vida política do país, suas prerrogativas constitucionais devem ser respeitadas conforme a legislação nacional e a imunidade parlamentar de seus membros deve ser plenamente garantida”, acrescenta o texto. (Com agências)