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Macri congela gasolina e pagará abono para reverter desvantagem

Alvo das medidas é a classe média baixa, que nas prévias migrou os votos para o kirchnerismo

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Elza Fiuza/Agência Brasil
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1 de 1 EF_Mauricio_Macri_Argentina_Entrevista_04122015_007 - Foto: Elza Fiuza/Agência Brasil

O presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou nesta quarta-feira (14/08/2019) medidas econômicas para reverter sua baixa popularidade, depois da derrota para o kirchnerista Alberto Fernández nas prévias de domingo.

O alvo das medidas é a classe média baixa, que nas prévias migrou os votos para a chapa de Fernández e da ex-presidente Cristina Kirchner, candidata a vice.

Entre os anúncios estão o congelamento do preço da gasolina por 90 dias, um abono salarial para empregados públicos e privados e uma espécie de restituição no imposto de renda no valor de 2 mil pesos (cerca de R$ 140).

“Sobre o resultado de domingo, eu os compreendi”, disse. “São responsabilidade exclusivamente minha e da minha equipe de governo.”

Segundo Macri, que fez um pronunciamento gravado de oito minutos na residência oficial de Olivos, ao norte de Buenos Aires, transmitido pela conta da Casa Rosada no YouTube, a meta do pacote é beneficiar 17 milhões de pessoas.

O presidente também anunciou um aumento no salário mínimo e medidas para pequenas e médias empresas, além de um aumento em bolsas de estudo para jovens universitários de 40%.

“O objetivo dos anúncios é amenizar a crise na classe média – uma porção do eleitorado que o abandonou no domingo e estava com ele em 2015”, disse ao Estado Facundo Galván, da Universidade Católica de Buenos Aires. “Os anúncios fazem parte de um pacote que busca melhorar a situação em um contexto de crise, principalmente na classe média.”

Derrota em primária surpreendeu Macri
Fernández obteve no domingo (11/08/2019) 47% dos votos nas primárias para a eleição de outubro, com uma vantagem de 15 pontos sobre Macri. Com as candidaturas definidas por consenso, as prévias no país tornaram-se um termômetro da disputa presidencial. Assim, o prognóstico para a reeleição de Macri é sombrio.

Caso confirmada a tendência de ontem em outubro, Fernández seria eleito em primeiro turno, já que na Argentina bastam mais que 45% dos votos para evitar o segundo turno.

Ex-chefe de gabinete de Cristina e do ex-presidente Néstor Kirchner, Fernández nunca disputou uma eleição majoritária e conta com o potencial de transferência de votos da ex-presidente, que ainda é muito popular no país, e com sua habilidade política para unificar as diversas correntes do peronismo, para derrotar Macri.

Classe média migrou para o kirchnerismo
Com a economia argentina em mau momento, a instabilidade nos mercados deve contribuir para agravar os efeitos da crise no cotidiano da população, principalmente a classe média.

A inflação deve fechar o ano na casa dos 40%. A taxa de desemprego é a maior desde 2006 e a pobreza cresceu no ano passado quase 5 pontos porcentuais, atingindo três em cada dez argentinos.

“Com a reação dos mercados, a economia deve se deteriorar mais e isso prejudica mais a Macri”, disse ao Estado Mariel Fornoni, da consultoria Management & Fit. “É uma eleição muito difícil de reverter. Somadas, os votos das outras candidaturas não dariam a vantagem ao presidente contra Fernández.”

Para Ignacio Labaqui, da Universidade Católica de Buenos Aires, com menos de três meses para a eleição, Macri terá pouco tempo para oferecer uma melhora na economia.

Além disso, o foco na campanha também não possibilita que o presidente se concentre na crise. “As turbulências financeiras provocadas pela vitória de Fernández jogam contra Macri”, resumiu.

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