Jornal que é bússola do mercado financeiro chama Bolsonaro de “pária”
O britânico Financial Times ressalta, em reportagem, que o presidente brasileiro se tornou persona non grata nos círculos diplomáticos
atualizado
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Em reportagem publicada nesta sexta-feira (17/05/2019), o jornal britânico Financial Times, verdadeira “bússola” para os investidores do mercado financeiro internacional, traçou um diagnóstico sobre a relação entre o presidente Jair Bolsonaro (PSL) e os liberais norte-americanos, especificamente os de Nova York. E o periódico não mediu palavras para descrever como os investidores vêem o brasileiro: “Um pária”.
“Bolsonaro é um pária em círculos liberais. E isso acontece justamente no momento em que ele mais precisa de investimentos”, ressalta o FT.
Para a publicação, Bolsonaro foi escorraçado de Nova York, o maior centro financeiro do planeta. Primeiro pelo Museu de História Natural, que se recusou a sediar a cerimônia em que a Câmara de Comércio Brasil-EUA entregaria ao presidente o prêmio personalidade do ano. Depois, pelo próprio prefeito de Nova York, Bill de Blasio.
E pelo próprio Financial Times: o jornal era um dos patrocinadores do prêmio personalidade do ano que Bolsonaro receberia em Nova York. E retirou seu patrocínio após protestos contra o brasileiro.
“O desprezo em Nova York serviu para aumentar as preocupações de que Bolsonaro se tornou persona non grata nos círculos diplomáticos educados, esmagando o histórico de longa data do Brasil em ser um ‘soft power’ do cenário mundial”, descreve o jornal.
“Algumas empresas retiraram seu patrocínio para a festa após protestos de ativistas ambientais e de direitos gays”, observa o FT.
“Embora a maioria dos patrocinadores tenha permanecido, alguns membros da Câmara de Comércio expressaram desconforto em celebrar Bolsonaro, que venceu uma eleição no ano passado, mas tem postura controversa há anos, endossando a tortura e dizendo que a homossexualidade poderia ser curada na base da porrada em crianças”, ressalta o jornal.
Clima ruim em Dallas
Vale ressaltar que em Dallas, no Texas, onde Bolsonaro recebeu o prêmio personalidade do ano, o clima também não foi dos melhores. Antes da chegada do brasileiro, o prefeito texano, Mike Rawlings, afirmou que “discorda fortemente de algumas das posições declaradas do presidente Bolsonaro”.
A diferença foi que Rawling, que, assim como de Blasio, é do Democrata, partido de oposição ao governo de Donald Trump, disse que não atuaria contra a visita de Bolsonaro à cidade que governapor ter um grande respeito pelo povo brasileiro. “Não vou me envolver em uma disputa política pública com nenhum líder democraticamente eleito”, declarou.