Israel: Netanyahu não consegue formar governo e deve deixar poder
O deputado Benny Gantz, opositor de Netanyahu e com quem dividiu a vitória nas eleições, terá agora 28 dias para tentar formar aliança
atualizado
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O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, renunciou, nesta segunda-feira (21/10/2019), à tarefa de formar um novo governo. O presidente do país, Reuven Rivlin, informou que encarregará o opositor, o general Benny Gantz, da missão.
Netanyahu anunciou “para o chefe de Estado que renunciava a formar governo”, e este manifestou sua “intenção de transferir o mandato (…) o quanto antes (…) para o deputado Benny Gantz”.
Israel passou pela segunda eleição legislativa do ano em 17 de setembro. Após o pleito de abril, Netanyahu havia sido escolhido para formar maioria no governo e falhou, levando-o à dissolução do parlamento isralense, chamado de Knesset, e à convocação de novas eleições, que ocorreram em 17 de setembro.
Na prática, o partido de Netanyahu, o Likud, ficou com menos cadeiras na Knesset, somando 32. O partido Azul e Branco, de Gantz, somou 33. Porém, o presidente Rivlin, encarregado de nomear o ocupante do cargo de primeiro-ministro, justificou a escolha de Netanyahu por ele, teoricamente, ter mais chances de somar aliados a seu favor.
Mesmo assim, nos cálculos iniciais, Netanyahu conseguiria o apoio de 55 deputados, contra 54 de Gantz. Ambos os números ainda estavam abaixo de 50% + 1 dos membros da Knesset, equivalente a 61 deputados.
O primeiro-ministro em fim de mandato acusou Gantz de ter se recusado a negociar nas condições desejadas por Netanyahu. Discutiu-se junto com Rivlin a possibilidade de um governo de união entre os dois candidatos, o que viabilizaria a formação de uma maioria no Parlamento.
Porém, Gantz recusou, sob a justificativa de que não se aliaria ao Likud enquanto Netanyahu fosse alvo de denúncias de corrupção. Ele é investigado em três casos diferentes de corrupção em Israel.
Benny Gantz, assim como Netanyahu, também terá 28 dias para formar um governo, uma tarefa que se anuncia difícil. Até o momento, todas as tentativas de formar um governo de coalizão foram frustradas.
Caso Gantz não consiga formar maioria na Knesset dentro do prazo, um terceiro nome pode ser indicado pelo presidente para assumir o cargo de premiê. Porém, a hipótese mais provável é a de que novas eleições sejam convocadas. Seria a terceira corrida eleitoral em menos de um ano.
O partido Azul e Branco de Gantz indicou em um comunicado que “o tempo de andar dando voltas terminou, agora é o momento de agir”.
“O Azul e Branco está decidido a formar um governo de união liberal, liderado por Benny Gantz, em quem o povo de Israel votou há um mês”, segundo a formação.
Com o termo “liberal”, a formação dava indícios de que limitará a influência dos partidos religiosos na hora de se formar uma coalizão. A aliança de Netanyahu com os judeus ultraortodoxos rendeu críticas durante a campanha eleitoral por parte de seus oponentes, incluindo Gantz.
Os ultraortodoxos não são obrigados a servir no exército Israelense, regra que se aplica tanto a homens quanto a mulheres no País. Enquanto era primeiro-ministro, antes das eleições de setembro, Netanyahu foi pressionado a mudar essa regra, o qual ele recusou para manter aliança com os partidos ultraortodoxos, além de garantir os votos desta parcela da população.