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Guaidó, jovem que assume papel crucial para a oposição na Venezuela

O político assumiu a presidência da Assembleia Nacional da Venezuela e ficou conhecido pelo confronto com Nicolás Maduro

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1 de 1 presidente-interino-venezuela11 - Foto: Reprodução/Twitter

Há algumas semanas, poucas pessoas ouviam falar de Juan Guaidó. Depois de assumir a presidência da Assembleia Nacional da Venezuela em 5 de janeiro, seu nome se tornou conhecido na Venezuela e em várias partes do mundo. O político é hoje figura essencial para a oposição em confronto com o presidente Nicolás Maduro, considerado por vários “ditador”.

“Guaidó presidente!”, gritavam no domingo centenas de opositores ao receber o deputado de 35 anos, que saudava os presentes com a mão direita, inchada horas depois de ser preso por algumas horas por agentes da polícia. “Somos sobreviventes e não vítimas”, disse à multidão em Caraballeda, no Estado de Vargas, onde nasceu.

À medida que a crise econômica se agrava, muitos na Venezuela estão desesperados por um novo líder que “resgate” a nação sob duas décadas de governos chavistas.

Os países latino-americanos do Grupo de Lima, entre eles o Brasil, não reconheceram o segundo mandato de Nicolás Maduro e pediram que o chavista renunciasse e entregasse a presidência a Guaidó para que convocasse novas eleições. Líderes da Argentina, Chile, Colômbia e Estados Unidos telefonaram para o recém-empossado presidente da Assembleia Nacional, causando críticas de políticos governistas.

Na sexta-feira (11/1), Guaidó disse estar disposto a assumir a presidência venezuelana. No entanto, sustentou que devem ser o povo, as Forças Armadas e a comunidade internacional “que nos levem a assumir claramente o mandato”.

Luis Vicente León, presidente do instituto de pesquisa Datanalisis, afirmou que a possibilidade de Guaidó se declarar presidente interino é popular entre a oposição, os exilados e partidários conservadores. León, porém, argumenta que isso não necessariamente se traduz em Maduro perder controle sobre as instituições, a indústria petroleira e especialmente o Exército, o árbitro tradicional das disputas políticas.

“Se (Guaidón) decide fazê-lo (declarar-se presidente interino), parte da oposição dirá que está louco, e, se decidir não fazer, uma parte dirá que é covarde”, afirmou o presidente do Datanalisis. “Enquanto isso, Maduro está esperando um lado para aproveitar a situação”, acrescentou.

Maduro não ficou calado diante da cena. “Muita gente na Venezuela perguntará ‘quem é esse Guaidó’?”, disse no palácio do governo. E fez um trocadilho com o nome do adversário: “Guaidó ou Guaire”, em referência ao rio poluído de Caracas.

O presidente da Organização dos Estados Americanos (OEA), Luis Almagro, já deu seu apoio ao deputado e chamou-o de “presidente interino” da Venezuela.

Quem é Guaidó?
Para alguns de seus detratores, ele é inexperiente e com discurso ambíguo, enquanto outros o veem como um construtor de consensos, grande organizador e integrante da nova geração política que surgiu após os protestos estudantis de 2007.

Guaidó estudou engenharia na Universidade Católica de Caracas e fez estudos de pós-graduação em gestão pública na universidade de George Washington, nos Estados Unidos, e no Instituto de Estudos Superiores de Administração da capital venezuelana.

Até antes de ser eleito para a Assembleia Nacional, estudava e colaborava politicamente com Leopoldo López, o líder da oposição atualmente em prisão domiciliar. O jovem deputado não gosta que o vejam como um político sem experiência e exibe com orgulho que foi, junto de López há mais de uma década, um dos fundadores do partido Vontade Popular.

Guaidó teve uma carreira de nove anos na Assembleia Nacional, cinco deles como deputado suplente (2011-2015) e quatro como titular. No Congresso, foi presidente da Comissão de Controladoria em 2017 e líder da oposição em 2018. Ele destaca sempre sua proximidade com López, sob prisão domiciliar desde o ano passado cumprindo uma pena de quase 14 anos por promover protestos em 2014.

O jovem político também relembra com emoção os tempos difíceis que viveu depois da tragédia em Vargas em 1999, quando milhares morreram depois que fortes inundações devastaram boa parte da região. Ele e sua família ficaram sem casa e sem comunicação por vários dias.

No domingo (13), após uma semana como presidente do Congresso, o político foi detido brevemente por supostos agentes do Serviço Bolivariano de Inteligência Nacional (SEBIN) que, armados e mascarados, interceptaram-no em uma estrada quando estava a caminho de participar em ato público em Vargas.

Interrogado sobre se não teme ter a mesma sorte de outros colegas que foram encarcerados ou que fugiram do país depois de serem acusados de diversos delitos, Guaidó falou em entrevista à Associated Press que as ameaças não o preocupam, mostrando seu pescoço: “tenho projéteis (de balas de borracha) alojadas dos protestos” de 2017.

“Somos sobreviventes e vamos sobreviver porque cremos e estamos convencidos de que a Venezuela tem que ser melhor… Se prendem Juan Guaidó, vai surgir outro porque essa geração não descansa, não vai descansar”, acrescentou.

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