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Guaidó convoca greve e Maduro nega ter lançado militares sobre o povo

No segundo dia de levante de opositores contra o presidente nas ruas de Caracas, mais de 20 pessoas ficaram feridas. Tensão continua

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Demonstrations in Caracas
1 de 1 Demonstrations in Caracas - Foto: Edilzon Gamez/Getty Images

O autoproclamado presidente interino da Venezuela, Juan Guaidó, reapareceu nesta quarta-feira (01/05/2019), convocando a população a um levante cívico-militar contra o presidente Nicolás Maduro. Em uma manifestação em Caracas, ele pediu que seus apoiadores mantivessem a pressão sobre o regime chavista, representado por Maduro, com novas marchas pelas ruas. Neste segundo dia de levante contra Maduro, ao menos mais de 20 pessoas ficaram feridas em confrontos em Caracas, capital venezuelana.

Guaidó redobrou sua campanha para pôr fim ao que chama de “usurpação”. Ele participou de uma manifestação em Caracas na tarde desta quarta-feira e discursou para seus apoiadores. “Na Venezuela, a única forma de haver um golpe de Estado é me prendendo. Pelo contrário, hoje são os valentes militares e civis que dão um passo adiante e estão com a nossa Constituição”, disse à população.

Pelo Twitter, Guaidó chamou os venezuelanos para uma greve geral e afirmou que os funcionários públicos do país também o apoiam. “A fase final da Operação Liberdade começou ontem [30/04/2019] com a participação das nossas Forças Armadas e agora nossos empregados públicos se uniram [a nós]. Vamos acompanhá-los em sua proposta de paradas escalonadas que começa amanhã [02/05/2019] até chegar à greve geral”.

A conta de Guaidó no Twitter passou o dia postando fotos de manifestações que, segundo ele, aconteciam em várias cidades do país contra o governo.

Confira a sequência de postagens: 

Do outro lado, Maduro e integrantes do seu governo divulgaram manifestações favoráveis ao presidente. Tanto Guaidó quanto Maduro se mostram do lado da paz e da Constituição do país.

O presidente autoproclamado deu início à Operação Liberdade nessa terça-feira (30/04/2019), afirmando que tinha apoio das Forças Armadas venezuelanas. Nas manifestações de terça, a população que apoia Guaidó foi às ruas e entrou em confronto com militares. Uma cena chamou atenção do mundo inteiro, quando um blindado militar atropelou um grupo de manifestantes contrários a Maduro.

A violência nas ruas se repetiu nesta quarta. Veja fotos dos dois dias de protestos:

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Maduro fala à população
O presidente da Venezuela também foi a público e fez um pronunciamento, transmitido pela televisão oficial do governo. Maduro acusou a oposição de querer uma “guerra civil” e negou ter ordenado que o blindado avançasse contra manifestantes.

Maduro voltou a acusar os Estados Unidos de planejarem um golpe de Estado contra ele. O presidente também deu um recado a Guaidó, dizendo que só se chega à presidência pelo processo eleitoral. “O povo põe, o povo tira”, ressaltou.

Nicolás Maduro convocou ainda os venezuelanos a desenharem “um grande plano de mudança” nos próximos dias 4 e 5 de maio. Afirmou que a proposta inclui seu partido, governo locais e o Congresso – sem revelar se a referência era à Assembleia Nacional Constituinte, liderada pelo aliado Diosdado Cabello, ou à Assembleia Nacional presidida por Guaidó.

Apesar de o opositor anunciar o apoio das Forças Armadas, ainda não se sabe quantos militares do alto escalão abandonaram Maduro. O núcleo militar do governo brasileiro, que apoia Guaidó, informou não saber a dimensão do apoio militar ao opositor do chavista.

O ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno, admitiu que Guaidó não dispõe de apoio militar do alto escalão das Forças Armadas venezuelanas, ainda leais a Maduro. “Temos a impressão que o lado de Guaidó é fraco militarmente”, disse. Para Heleno, a crise no país vizinho ainda está longe de um desfecho.

Nesta quarta, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) afirmou não ter recebido pedido para uso da fronteira brasileira contra a Venezuela.

Há vários meses, a Venezuela passa por uma severa crise econômica. Atingido pela hiperinflação, o país sofre com o desabastecimento cada vez mais intenso e com a falta de emprego e perspectivas. Milhares de venezuelanos têm deixado o país em busca de oportunidades de emprego em países vizinhos, como Colômbia e Brasil. (Com informações da Télam, agência pública de notícias da Argentina)

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