Executivo diz que Maduro recebeu US$ 35 milhões da Odebrecht
A denúncia aparece em um vídeo gravado durante delação do presidente Odebrecht/Venezuela, Euzenando Azevedo
atualizado
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A construtora brasileira Odebrecht teria financiado a campanha eleitoral do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro. A denúncia aparece em um vídeo em que o presidente da Odebrecht/Venezuela, Euzenando Azevedo, admite ter recebido um pedido de US$ 50 milhões por parte de Maduro, mas acabou fechando a contribuição em US$ 35 milhões.
O vídeo faz parte da delação do executivo e foi colocado no Twitter pela procuradora-geral afastada da Venezuela, Luisa Ortega Díaz, nesta quinta-feira (12/10). O trecho se refere às declarações que o executivo brasileiro prestou na sede do Ministério Público Federal, no Estado de Sergipe, no dia 15 de dezembro de 2016.
“Eu fui procurado por um dos representantes do sr. Nicolás Maduro, um sr. chamado Américo Mata”, disse Azevedo. Segundo o executivo, Mata havia sido o presidente do Instituto do Desenvolvimento Rural Venezuelano. “Eu já o conhecia porque circulava no governo e quando o presidente Chávez estava doente, o vice-presidente (Maduro) ia visitar nossas obras e sempre ia acompanhado do sr. Mata”, disse o brasileiro.
“Então esse sr. Américo Mata me procurou e fechou um encontro comigo”, explicou. Segundo ele, foram várias as reuniões. “Ele me pediu uma contribuição. Ele sabia de nosso negócio e do tamanho de nossas operações”, disse. “Ele me pediu a contribuição para ajudar a campanha do presidente Maduro”, insistiu.
“Ele pediu um valor grande para a época”, admitiu. “Tínhamos uma operação muito grande na Venezuela”, disse. O brasileiro indica que Mata chegou a pedir US$ 50 milhões. “Eu aceitei dar US$ 35 milhões”, afirmou. Azevedo também explicou o que pediu em troca do financiamento. “Pedi a ele que o candidato, se ganhasse, mantivesse nossas obras como prioritárias do governo dele, já que as obras eram do governo Chávez”, disse. “Ele (Maduro) era a continuidade. Mas poderia ter outro tipo de interesse”, explicou.
“Américo me garantiu que, se o presidente Maduro ganhasse, continuaria colocando as obras da Odebrecht como prioritárias, até para dar imagem de continuidade de Chávez”, disse. “Nós negociamos e eu aceitei pagar. Foram liberados esses recursos para ele, durante a campanha”, completou.
O vídeo foi publicado por Ortega minutos depois de o atual procurador-geral da Venezuela, Tarek William Saab, emitir um comunicado no qual informa que difundiu um alerta vermelho na Interpol contra Azevedo. Saab também ativou outro alerta na Interpol contra Ortega. A procuradora destituída, porém, está em Genebra e amanhã terá encontros na ONU.