EUA estão “a um passo de confronto com a Rússia”, diz premier
Russo Dmitri Medvedev disse em sua conta no Facebook que “há um limite de decência além do qual a desconfiança é absoluta”
atualizado
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O primeiro-ministro da Rússia, Dmitri Medvedev, afirmou em seu Facebook nesta sexta-feira (7/4) que, atacando a base militar síria, os Estados Unidos chegaram “a um passo de um confronto com a Rússia”.
“Os resíduos da névoa pré-eleitoral apareceram. Ninguém exagera o valor das promessas eleitorais, mas há um limite de decência além do qual a desconfiança é absoluta. O que é absolutamente triste para as nossas relações já absolutamente desgastados. E certamente é confortante para os terroristas”, acrescentou Medvedev.
Em resposta ao ataque químico na Síria, que deixou dezenas de mortos no começo da semana, os Estados Unidos bombardearam a base aérea de Shayrat, na noite desta quinta-feira (6), de acordo com a Casa Branca. Esse foi o primeiro ataque americano direto na Síria durante o governo do presidente Donald Trump.
Dezesseis pessoas morreram, inclusive crianças, segundo a agência oficial síria. O balanço incluiria seis soldados e nove civis. O general Ali Ayyoub disse em declaração lida em transmissão televisiva síria, que a ação dos Estados Unidos foi uma agressão que vai afetar as operações de contraterrorismo no país.Os 59 mísseis Tomahawk, disparados de navios de guerra no Mar Mediterrâneo, miraram na base aérea síria, em retaliação ao ataque químico que Washington acredita ter sido conduzido pelo regime de Bashar al-Assad.
O ataque surpresa marca uma reviravolta para Trump, que durante sua campanha rejeitou a ideia de os EUA serem arrastados para a guerra civil daquele país. Após o bombardeio químico que matou inclusive crianças, o presidente disse que o ocorrido era uma “desgraça para humanidade” e que “ultrapassou muitos limites”.
Trump não anunciou o ataque com antecedência, embora ele e outras autoridades de segurança nacional tenham aumentando os alertas contra o governo sírio ao longo desta quinta-feira.
Derramamento de sangue
Em pronunciamento logo após o ataque, Trump disse que a ação foi de “vital importância” para os interesses de segurança nacional dos EUA. O republicano afirmou que o seu país precisa “prevenir e evitar a propagação e o uso de armas químicas mortais”.
Ele destacou que “não há contestação de que a Síria usou armas químicas proibidas”, referindo-se à ofensiva que matou dezenas de pessoas no começo da semana.
“Pedi a todas as nações civilizadas que se unissem a nós, buscando acabar com o massacre e o derramamento de sangue na Síria”, afirmou. “Anos de tentativas anteriores de mudar o comportamento de Assad falharam, e falharam muito dramaticamente. Como resultado, a crise de refugiados continua a se aprofundar e a região continua a se desestabilizar, ameaçando os Estados Unidos e seus aliados.”
Em seu comunicado, Trump disse que espera que a paz e harmonia prevaleçam. “Deus abençoe a América e o mundo inteiro”, disse o presidente americano ao encerrar seu pronunciamento.
O ataque ocorreu enquanto o republicano recebia o presidente chinês, Xi Jinping, em uma reunião em que devem discutir os lançamentos de mísseis pela Coreia do Norte. As ações de Trump na Síria podem sinalizar à China que o novo presidente não tem medo de tomar medidas militares unilaterais.