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EUA e Irã se contêm, mas outras forças da região ainda preocupam

Embora autoridades dos dois países tenham arrefecido o tom dos discursos, grupos paramilitares e Estado Islâmico ameaçam equilíbrio precário

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OSAMA SAMI/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO
Estado Islâmico
1 de 1 Estado Islâmico - Foto: OSAMA SAMI/ASSOCIATED PRESS/ESTADÃO CONTEÚDO

A primeira reação do presidente Donald Trump aos mísseis disparados pelo Irã nessa terça-feira (07/01/2020) foi breve: pelo Twitter, ele disse apenas que estava “tudo bem”. Transcorreram-se mais algumas horas de expectativa para seu pronunciamento oficial, que saiu em um tom mais diplomático do que o adotado até então.

Mesmo dizendo que pretendia endurecer as sanções impostas ao Irã e reforçando as acusações de terrorismo, Trump falou em “prosperidade para a região” e chegou a pregar cooperação, especialmente no combate ao Estado Islâmico.

Do outro lado, depois de assumir os disparos e dizer que eles faziam parte da Operação Mártir Suleimani, autoridades iranianas também arrefeceram, ao menos por ora, as ameaças. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Javad Zarif, por exemplo, disse que “não busca escalada na guerra” e que o país “concluiu medidas proporcionais de autodefesa”.

Mas se os dois atores principais do conflito parecem ter acalmado os ânimos, a preocupação com novos focos de tensão no Oriente Médio permanece, tanto pela atuação de outros grupos militares e políticos ligados a ambos os lados quanto pelo Estado Islâmico.

Os EUA permanecem em alerta, por exemplo, quanto ao Hezbollah, grupo político e paramilitar, de vertente xiita, que atua no Líbano e é ligado ao regime dos aiatolás do Irã. Desde o assassinato do general iraniano Qassim Suleimani, eles vêm fazendo ameaças tanto aos estadunidenses quanto a um de seus principais aliados no Oriente Médio, Israel.

Apesar da retórica inflamada, contudo, há um porém: o Hezbollah integra oficialmente o governo libanês, em composição com cristãos. Qualquer ação radical deles poderia, assim, desestabilizar o próprio país. A expectativa de uma eventual reação israelense também pode conter o grupo.

As milícias xiitas no Iraque, reunidas nas Forças de Mobilização Popular, também são fonte de preocupação: durante o funeral de quatro dias de Suleimani, por exemplo, elas participaram da mobilização que envolveu pedidos de vingança e queima de bandeiras estadunidenses.

Nessa quarta-feira (08/01/2020), uma das lideranças xiitas no Iraque, o clérigo Moqtada al-Sadr, pediu que as milícias cessem ataques, após a redução da tensão. Resta saber se elas seguirão o conselho.

Restabelecimento do Estado Islâmico
Além dos grupos paramilitares, outro fator preocupa: o Estado Islâmico, organização terrorista que atua majoritariamente no norte do Iraque e na Síria. É justamente por causa deles que os EUA estão hoje em território iraquiano, desde 2014, no comando de uma coalizão da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).

Só que com a decisão do parlamento iraquiano de pedir ao primeiro-ministro do país que determine a retirada das tropas estadunidenses do território, a preocupação é de que as resistências locais não sejam capazes de conter o grupo terrorista.

Na Síria, o combate é comandado pelo regime de Bashar Al-Assad, com apoio da Rússia, e envolve as milícias iranianas e o Hezbollah. No Iraque, eles são contidos pelos curdos, por milícias xiitas do Iraque e pela força de coalizão.

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