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Emmanuel Macron: o mais jovem presidente da história da França

Político de 39 anos chega ao Eliseu com discurso direto e claro: sem a Europa, não há solução para a França avançar

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Emmanuel Macron / Ed Alcock / M.Y.O.P.
1 de 1 Emmanuel Macron / Ed Alcock / M.Y.O.P. - Foto: Divulgação

Na verdade, Emmanuel Macron é um filósofo. Pelo menos a julgar pela primeira faculdade que cursou. Ele escreveu sobre Maquiavel e Hegel. O que na Alemanha muitas vezes termina em uma carreira como motorista de táxi, na França pode muito bem qualificar para a entrada, após passagens por outras universidades de elite, em um alto escalão no governo e na economia.

Pois o filho de um casal de médicos de Amiens, no norte da França, também visitou a elitista Escola Nacional de Administração (ENA), em Estrasburgo. “Ele é um produto dessas elites francesas e teve uma formação completa. Ele vem da classe média educada e representa aquilo contra que Marine Le Pen faz sua campanha”, diz Stefan Seidendorf, vice-diretor do Instituto Franco-Alemão.

Mas ao contrário de muitos dos antecessores proeminentes, Macron passou, após um curto período como diretor financeiro na administração pública, para o banco de investimento privado Rothschild, em Paris. Lá, ele acompanhou um dos maiores acordos de investimento entre o conglomerado alimentício suíço Nestlé e a gigante farmacêutica americana Pfizer no valor de nove bilhões de euros.

Seu talento como administrador e seu conhecimento sobre questões econômicas levaram em 2012 a se tornar assessor do presidente François Hollande, que o nomeou ministro da Economia em 2014.

Desagradando a amigos
Macron às vezes também consegue desagradar aos próprios aliados, como quando contrariou os sindicatos, ou no caso de um escândalo sobre impostos que causou sua rejeição momentânea entre a população. Suas brigas constantes com o primeiro-ministro Manuel Valls quase causaram sua demissão por Hollande. Mas Macron foi mais rápido e, em 2016, anunciou sua renúncia e a criação do movimento “En Marche”.

Macron tem apoio de diferentes grupos políticos. O cientista político francês Alfred Grosser declarou recentemente seu apoio ao político de 39 anos, além de vários membros da velha esquerda e do verde Daniel Cohn-Bendit.

Ele tenta algo completamente atual. Fundou um novo partido e conseguiu a adesão de cerca de 190 mil dentro de poucos meses. É tido como um candidato para transmitir esperança e o único que diz tão radical e claramente aos franceses que sem a Europa a França não tem solução.

“Ele consegue criar fluxos de entusiasmo, mobilizar em prol do projeto europeu, algo que há muito tempo não ocorria na França”, lembrou Cohn-Bendit recentemente durante uma entrevista a uma rádio alemã.

Macron é, de fato, um europeu convicto. “Precisamos encontrar a resposta europeia relevante diante de todos os desafios, porque só em nível europeu conseguiremos resolver estes problemas. A tarefa da França e da Alemanha é fazer tudo para aprofundar a integração europeia nas áreas de finanças e economia, de defesa e segurança e na política de refugiados”, afirmou o francês em uma entrevista ao jornal alemão Die Welt no ano passado.

Apoio a Merkel
Ele também não poupa críticas ao presidente dos EUA, Donald Trump, e disse que a política americana anti-imigrantes e de meio ambiente é um erro. Ele quer cortar 60 milhões de euros de gastos públicos e eliminar 120 mil postos de trabalho nesta área, caso ganhe a eleição. No entanto, planeja investir 50 bilhões de euros em programas de financiamento, como para projetos ambientais, por exemplo.

Entre outras coisas, o candidato independente promete flexibilizar a semana de 35 horas. Além disso, quer que o seguro desemprego seja disponibilizado para outros grupos profissionais, ao mesmo tempo em que propõe maior pressão sobre os desempregados, para que eles aceitem os empregos encaminhados pelas agências de trabalho. A taxação das empresas deve ser reduzida dos atuais 33,3% para 25%. A polícia e o Exército devem ser reforçados.

O ex-banqueiro é um humanista. Certa vez, ele cunhou a frase “refugiados são pessoas resistentes e inovadoras”. Ele elogiou com firmeza a política migratória de Angela Merkel, afirmando que ela “salvou a honra da Europa”.

No meio político francês, marcado por personalidades relativamente desinteressantes, o jovem político é uma espécie de figura exótica. Ele é casado com uma ex-professora, que é 24 anos mais velha e já é avó. Ela ás vezes ajuda Macron a escrever seus discursos.

“Felizmente, eu nunca paguei algo a ela por isso”, brincou Macron recentemente, soltando, assim, uma farpa contra seu rival conservador nas eleições, François Fillon.

Como resume Stefan Seidendorf, do Instituto Franco-Alemão em Ludwigsburg, Macron tem senso de política, traz propostas realistas, é um europeu de coração e sabe governar. “Para Macron, Alemanha e França são a espinha dorsal da UE”, diz.

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