Em discurso, Hillary cita “forças poderosas” que querem dividir os EUA
Como Barack Obama na noite anterior, candidata do partido democrata rejeitou visão apocalíptica de Trump sobre o futuro do país e centrou seu pronunciamento na defesa da unidade e do otimismo
atualizado
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Hillary Clinton pediu na quinta-feira (28/7) que os eleitores americanos rejeitem as “forças poderosas” que ameaçam dividir os Estados Unidos, representadas pela candidatura de seu adversário, o republicano Donald Trump. “A América está mais uma vez em um momento de definição”, afirmou no discurso com o qual aceitou a nomeação democrata para ser a primeira mulher a disputar a presidência do país por um grande partido.
“Laços de confiança e de respeito estão se esgarçando. E como ocorreu com nossos fundadores, não há garantias. Tudo depende de nós. Nós temos que decidir se nós vamos trabalhar juntos para que todos possamos nos erguer juntos”, declarou Hillary, no mais crucial pronunciamento de sua longa carreira política. Como Barack Obama na noite anterior, Hillary rejeitou a visão apocalíptica de Trump sobre o futuro do país e centrou seu discurso na defesa da unidade e do otimismo.“É com humildade, determinação e ilimitada confiança na promessa americana que eu aceito sua nomeação para presidente dos Estados Unidos”, declarou Hillary, sendo aplaudida de pé pela plateia. A candidata entrou na arena às 22h25 (23h25, horário de Brasília) e foi recebida com acenos de milhares de bandeiras americanas que haviam sido distribuídas pelos organizadores da convenção do partido. Em vários momentos do discurso ela foi interrompida pelos gritos “Hillary, Hillary”.
A candidata começou o discurso agradecendo seu adversário nas primárias, Bernie Sanders, e falou diretamente aos seguidores dele, que protestaram contra a candidata nos primeiros dois dias da convenção, iniciada na segunda (25). “Sua causa é a nossa causa.” Enquanto ela falava, gritos isolados de protesto podiam ser ouvidos na plateia, abafados pelos gritos “Hillary”.
“O céu é o limite”
Hillary se referiu ao caráter histórico de sua nomeação, a primeira de uma mulher feita por um grande partido. “Quando não há nenhum teto, o céu é o limite”, afirmou. “Vamos continuar, até que cada uma das 161 milhões de mulheres e garotas ao redor da América tenha a oportunidade que merece.”
Depois de apresentar Trump como um candidato que contraria valores fundamentais dos EUA, Hillary o condenou por não apresentar propostas concretas para solução dos problemas do país. “Vocês devem ter notado que eu gosto de falar dos meus”, disse a candidata, célebre pelos detalhes com que apresenta suas posições. Em seguida, prometeu lançar um programa de investimentos em infraestrutura para criar o maior número de empregos nos EUA desde a Segunda Guerra Mundial.
Hillary defendeu a expansão de benefícios sociais, a gratuidade do ensino superior para famílias com renda inferior a US$ 125 mil ao ano e a concessão de licença maternidade. Segundo ela, os programas serão pagos pelo aumento de impostos dos mais ricos, de Wall Street e das grandes corporações. “Nós vamos seguir o dinheiro.”
Ataques terroristas
Com a multiplicação de ataques terroristas dentro e fora dos Estados Unidos, a candidata se apresentou como a líder capaz de comandar as Forças Armadas do país no combate ao Estado Islâmico. Segundo ela, Trump não tem temperamento para comandar as Forças Armadas dos EUA. “Imaginem ele no Salão Oval enfrentando uma crise real. Um homem que ataca com um tweet não é um homem a quem se pode confiar armas nucleares.”
A candidata foi apresenta aos espectadores da convenção por sua filha única de 36 anos, Chelsea, mãe de seus dois netos, Charlotte e Aidan. “Senhoras e senhores, minha mãe, minha heroína e nossa próxima presidente”, disse Chelsea.
Em discurso antes da entrada de Hillary, Chelsea se referiu à sua infância e adolescência, em uma tentativa de humanizar uma candidata vista muitas vezes como controladora e pouco espontânea. Mas Chelsea também se referiu à mãe como uma ativista, que passou sua vida defendendo causas que foram do direito de crianças ao combate da mudança climática. “Ela nunca esquece pelo que está lutando.”