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Derrota nas urnas pressiona Maduro para abrir diálogo com a oposição

Desde a posse da oposição na Assembleia, chavismo tem sido obrigado a flexibilizar posição intransigente e hegemônica dos últimos 17 anos e dialogar com os adversários

atualizado

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Marcos Oliveira/Agência Senado
Nicolas Maduro
1 de 1 Nicolas Maduro - Foto: Marcos Oliveira/Agência Senado

“Aqui o diálogo é notícia porque é excepcional. Se fosse frequente, não seria notícia”, disse o presidente da Assembleia Nacional venezuelana, Henry Ramos Allup, após o discurso de prestação de contas do presidente Nicolás Maduro. Desde a posse da oposição na Assembleia, no dia 5, o chavismo tem sido obrigado a flexibilizar a posição intransigente e hegemônica dos últimos 17 anos e dialogar com os adversários.

Allup, um político experiente, com décadas de disputas eleitorais, tem sido um destes canais. Pelo lado do governo, o recém-empossado vice-presidente Aristóbulo Istúriz, professor universitário, chavista de primeira hora, mas visto como um moderado, é quem cumpre essa missão.

Na semana passada, Istúriz e Ramos Allup trocaram dezenas de telefonemas em busca de uma saída institucional para o impasse sobre os três deputados do Estado do Amazonas que tiveram as candidaturas impugnadas, mas tomaram posse na Assembleia. O Executivo se recusava a admitir a legitimidade do Legislativo se os deputados não fossem excluídos do Parlamento.

Diante da possibilidade de acirramento do impasse, os dois conseguiram convencer tanto a bancada governista quanto a maioria oposicionista a se ausentarem da sessão de quarta-feira (20/1), ganhando mais tempo para o diálogo. Na mesma noite os deputados impugnados pediram a desincorporação da Assembleia, Allup acatou a decisão do Tribunal Supremo de Justiça (TSJ) e o impasse foi superado sem traumas nem violência. Pouco depois foi revelado que a deputada Cilia Flores, mulher de Maduro, participou ativamente do diálogo.

Consequência das eleições
Para a oposição, a nova postura do governo é uma das primeiras consequências do resultado das eleições parlamentares de 6 de dezembro. “O governo está atravessando a etapa do luto, quando se tem uma perda. A dor, a negação, a depressão até chegar à aceitação. Em todo caso, o importante é que o governo aceite que o país mudou radicalmente, que aceite que as pessoas querem o diálogo, não aceitam mais viver em um país de enfrentamento permanente”, disse o deputado Julio Borges, líder da oposição na Assembleia.

Segundo analistas, a grave situação econômica do país foi fundamental para a mudança de atitude. Os dois lados da disputa avaliam que a derrota do governo nas eleições parlamentares é um recado da população sobre a economia.

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