Bolsonaro reclama de agressividade de Maia e diz que pouco usa Twitter
Ainda no Chile, Bolsonaro disse que usa a rede social “20 minutos por dia”, em referência a crítica do presidente da Câmara
atualizado
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Enviada especial a Santiago (Chile) – Pouco antes de embarcar de volta para o Brasil, o presidente Jair Bolsonaro (PSL), voltou a falar da crise com o presidente da Câmara, Rodrigo Maia. Também disse que usa o Twitter apenas “20 minutos por dia”.
Ao deixar o Palácio de La Moneda, em Santiago, onde recebeu homenagem do presidente do Chile, Sebastián Piñera, Bolsonaro disse que já cumpriu o seu papel ao enviar a proposta de reforma da previdência para o Congresso.
“A bola está com ele (Rodrigo Maia), não está comigo. Eu já fiz a minha parte, entreguei, e o compromisso dele, regimental, é despachar e o projeto andar dentro da Câmara”, disse o presidente, atribuindo as dificuldades de articulação ao presidente do Legislativo. Bolsonaro disse ainda que não vai entrar em “campo de batalha” que não é o seu, referindo-se ao Congresso.
Bolsonaro falou três vezes, no mesmo dia, sobre as dificuldades com a tramitação das mudanças na previdência. Primeiro, num café da manhã com empresários chilenos, no hotel em que ficou hospedado. Depois, no discurso de encerramento a visita oficial ao Chile, ao lado de Piñera, no La Moneda. E, por fim, na rápida entrevista aos jornalistas, antes de seguir para o aeroporto.
Bolsonaro foi questionado a respeito de uma entrevista de Rodrigo Maia à imprensa brasileira, onde faz várias críticas ao presidente. Uma delas, a de que falta articulação política para encaminhar a reforma. Sobre isso, Bolsonaro respondeu que não vai fazer política como outros presidentes fizeram no passado. “O que é articulação? O que é que está faltando eu fazer? O que foi feito no passado? Eu não seguirei o mesmo destino de ex-presidentes. Pode ter certeza disso. Não são todos, mas alguns não estão acostumados com a nova forma de fazer política. A anterior deu errado. E olha onde estão os ex-presidentes? Eu não quero ir para lá, não irei para lá por esses mesmo erros”, disse Bolsonaro.
O presidente disse ainda que deve estar havendo algum “tremendo mal entendido” entre ele e Rodrigo Maia. “Eu não vou entrar nessa disputa. Somos independentes. Não serei levado para um campo de batalha diferente do meu. Eu respondo pelos meus atos no Executivo. Legislativo são eles, Judiciário é o Dias Tóffoli. E assim toca o barco. Isso se chama democracia. Não queiram me arrastar para um campo de batalha que não é o meu”, disse Bolsonaro, adotando uma postura de lavar as mãos em relação à tramitação da emenda constitucional no Congresso.
Na mesma entrevista, Bolsonaro também comentou uma frase de Rodrigo Maia, de que o Brasil não aguentaria um dia de guerra contra a Venezuela. “Ele está desprestigiando as Forças Armadas? Ele falou isso mesmo? Não queremos guerra com ninguém. Em algum momento eu falei em guerra? Ele está completamente desinformado. Lamento. Eu até perdoo o Rodrigo Maia pela situação pessoal que ele está vivendo”, disse o presidente, referindo-se à prisão do sogro de Maia, Moreira Franco.
Diferentemente da viagem aos Estados Unidos, em que predominou a pauta das relações entre os dois países, no Chile, a crise doméstica dominou a visita oficial, levando Bolsonaro a ter que falar várias vezes sobre o assunto, numa espécie de bate boca com o presidente da Câmara por meio de declarações à imprensa. Bolsonaro também foi questionado pela imprensa local sobre ter elogiado o ex-ditador chileno, Augusto Pinochet. Ele disse que não falaria sobre o assunto.