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Bolsonaro: “Quem esquece o passado está condenado a não ter futuro”

No último dia completo em Israel, Bolsonaro visitou o Museu da História do Holocausto e plantou uma oliveira no Bosque das Nações

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Guilherme Waltenberg/Metrópoles
Bolsonaro e Netanyahu
1 de 1 Bolsonaro e Netanyahu - Foto: Guilherme Waltenberg/Metrópoles

Enviado especial a Jerusalém (Israel) – O presidente Jair Bolsonaro (PSL) tirou a tarde desta terça-feira (2/4), o último dia completo em Israel, para visitar o Museu da História do Holocausto, o Yad Vashem, e plantar uma oliveira no Bosque das Nações.

O presidente começou a visita pela exposição fotográfica Flashes of Memory: fotografia durante o holocausto. Na sequência, ele foi ao Hall da Memória, onde uma chama fica acesa eternamente em memória aos judeus mortos na Segunda Guerra Mundial.

Em gesto simbólico de amizade entre os povos, ele reavivou a chama e foi recebido por um coral infantil chamado Ankor, que cantou a música Passeio por Cesareia, da poetisa Hannah Szenes, morta aos 23 anos pelas tropas nazistas.

Depois de depositar flores em memória aos judeus, Bolsonaro deu uma breve declaração à imprensa. Ele citou a passagem bíblica “reconheceis a verdade é ela vos libertará” e arriscou uma própria: “Aquele que esquece o seu passado, está condenado a não ter futuro”, disse.

Na sequência, em gesto igualmente simbólico, o presidente plantou uma oliveira no Bosque das Nações em sinal de apoio ao estado de Israel. Na ocasião, ele foi alvo, novamente, de um protesto de ambientalistas. Os cartazes dos manifestantes diziam “Proteger a Amazônia” e “Tolerância entre humanos e natureza”. A polícia local afastou o grupo.

Críticas ao PT
O presidente Jair Bolsonaro, após plantar a árvore, voltou a criticar o PT. “Passamos momentos difíceis com dois governos de esquerda, o último, inclusive, não aceitou as credenciais do embaixador indicado por Israel. Agora Deus me deu a graça de ser presidente. Essa missão cumprirmos da melhor maneira possível com países que possam contribuir com o bem de nosso povo. Nós [com Israel], nos complementamos”, disse.

Questionado se a abertura da representação comercial em Jerusalém significa o início do processo de transferência da embaixada, ele disse apenas: “Um grande casamento começa com namoro e noivado”.

Em um momento de descontração, ao sair do local, o grupo que acompanha o presidente se aglomerou em volta dele, o que o fez desequilibrar. Bolsonaro esboçou uma reação para se segurar em uma grade e disse: “Aqui ninguém cai”.

Conflitos
O exército de Israel é considerado um dos mais eficientes de todo o mundo. Com conflitos abertos desde que o país nasceu, no fim dos anos 40, a tecnologia usada na área é considerada uma das melhores do planeta.

No discurso de recepção a Bolsonaro, o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, destacou os confrontos entre árabes e israelenses que tiveram início no último sábado. “Presidente, o senhor veio a Israel em um momento tenso. Eu ordenei que as forças armadas ficassem totalmente posicionadas ao redor da Faixa de Gaza. Isso inclui tanques, artilharia, forças no solo e no ar. Nós estamos preparados para qualquer cenário e – se for necessário – até mesmo uma campanha extensa. Faremos o que for preciso pela segurança de Israel”, afirmou.

Os conflitos entre Israel e os países vizinhos têm uma longa história. O professor de relações internacionais da Universidade de São Paulo (USP), atualmente pesquisador da Universidade de Tel Aviv, Samuel Feldberg, lembra que a origem das disputas políticas na região tem a ver com o próprio nascimento de Israel.

“Quando, em 1949, o Estado é criado, os países árabes não aceitam e atacam Israel. Daí vem a Guerra de Independência”, conta Feldberg. A Organização das Nações Unidas (ONU), porém, reconheceu a nova nação. Assim como fez o Brasil.

Arte/Metrópoles

Novos conflitos vieram. A população que vivia no local e que não aceitava a formação dessa pátria acabou, pouco a pouco, sendo isolada em duas regiões: a Faixa de Gaza, no sul, e a Cisjordânia, no leste. Esse povo, que não tem um Estado próprio, é chamado de palestino.

“Quando fala-se da Palestina, temos um problema de definição. Temos que diferenciar o território da Autoridade Palestina, que é parte da Cisjordânia, e a Faixa de Gaza, dominada pelo Hamas e a jihad islâmica”, explica Feldberg.

Segundo o acadêmico, a Cisjordânia, dominada pelo grupo chamado Autoridade Palestina, é um território no qual há muita cooperação com Israel. Inclusive, com intercâmbio de trabalhadores e investimentos. Gaza, por outro lado, não aceita e prega a extinção do Estado judeu.

“Em Gaza existe um diálogo tenso, mas existe. A questão é que os grupos políticos que a dominam têm um lado sectário”, prossegue o professor Samuel Feldberg.

Do lado israelense, igualmente, há setores que se recusam a conversar com os palestinos e, até o momento, o governo não conseguiu articular uma solução que contemple a coexistência dos dois países.

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