Bolsonaro pede recontagem de votos na Bolívia
Nos Emirados Árabes, presidente brasileiro afirma que quer o país vizinho como amigo, mas diz que não abre mão da “questão democrática”
atualizado
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Enviado especial a Abu Dhabi — O convite do presidente boliviano, Evo Morales, para que Brasil e outros países sul-americanos participem de uma auditoria nas eleições do país andino não convenceu o presidente Jair Bolsonaro (PSL). Em viagem oficial aos Emirados Árabes Unidos, o mandatário brasileiro disse, neste domingo (27/10/2019), que apoia uma recontagem de votos após a polêmica confirmação da reeleição de Morales, resultado que o Brasil não reconheceu.
“A OEA [Organização dos Estados Americanos], no meu entender, tomou uma decisão acertada pedindo a recontagem dos votos”, disse Bolsonaro. A decisão da entidade que reúne os países das Américas foi de cobrar que a reeleição não seja reconhecida e que Morales dispute um segundo turno com o candidato Carlos Mesa. O opositor obteve 36% dos votos, contra 46,8% do atual presidente, segundo a contagem oficial.
Bolsonaro disse desejar que Brasil e Bolívia mantenham a condição de amizade e parceria. “Até porque temos negócios com eles, especialmente na área do gás”, explicou.
O presidente brasileiro alertou, porém, que não abre “mão da questão democrática”, sem entrar em detalhes sobre que atitude pode tomar se Morales não ceder.
Questionamentos
A OEA observou as eleições bolivianas e tem alertado para problemas, como o uso da estrutura governamental na campanha de Evo, além de mostrar desconfiança sobre o processo de contagem dos votos.
“Toda eleição deve ser regida pelos princípios de certeza, legalidade, transparência, equidade, independência e imparcialidade. A Missão verificou que vários desses princípios foram violados por diferentes causas ao longo deste processo eleitoral”, afirmou o responsável pelo Departamento para Observação Eleitoral da OEA, Gerardo de Icaza, na última semana.
Os questionamentos sobre o processo eleitoral boliviano têm partido de vários atores políticos. Até mesmo a União Europeia apoiou o pedido da OEA pela realização do segundo turno.
Por enquanto, o isolado Evo Morales continua resistindo. Segundo ele, uma nova disputa poderia ocorrer se a auditoria idealizada por ele confirmasse a fraude.