Bolsonaro em Israel: troca de afagos não se converte em nova embaixada
Presidente brasileiro e primeiro-ministro israelense fizeram elogios mútuos ao longo da agenda do dia. Ao final, assinaram acordos
atualizado
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Enviado especial a Jerusalém (Israel) – Amigos, irmãos, casados. Essas foram algumas das palavras de afago trocadas entre o presidente da República, Jair Bolsonaro (PSL), e o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ao longo do primeiro dia da visita oficial do brasileiro a Israel.
Desde o primeiro compromisso oficial do dia, uma recepção calorosa no aeroporto Ben Gurion, em Tel Aviv, o chefe do Executivo brasileiro não era apenas o “presidente”, mas o “amigo” presidente. E Netanyahu, o “irmão” de Bolsonaro.
Pouco tardou para que Netanyahu retribuísse a gentileza – no fim do dia, durante o anúncio das parcerias feitas entre os países nas áreas de ciência e tecnologia, segurança, defesa e educação.
“Não é um discurso apenas de palavras do coração, meu irmão Jair. Seu nome é muito conhecido nessa casa”, disse Netanyahu, com referência ao nome do seu filho, Yair, a quem se referiu diversas vezes.
Netanyahu colocou um elemento a mais na sequência do elogio: queria aprofundar a relação. Não lhe bastavam apenas os acordos ou o anúncio de que o Brasil vai montar uma representação comercial do país em Jerusalém, o primeiro-ministro deixou claro que tem pretensões mais elevadas.
“Assinamos vários contratos, mas o acordo mais importante é o acordo do coração”, começou o israelense. “Quero contar um segredo. Espero que [as parcerias firmadas] sejam o primeiro passo para quem sabe, algum dia, chegue a mudança da embaixada do Brasil para Jerusalém”, prosseguiu.
Em seu discurso, Bolsonaro também avançou um passo. Não era mais o “amigo” ou o “irmão” Netanyahu a quem ele se dirigia. A palavra, naquele momento, foi casamento.
“Nosso casamento de hoje trará muitos benefícios para os nossos povos. Peço a Deus para nos iluminar”, disse Bolsonaro. Sobre as segundas intenções de Netanyahu, de mudar a embaixada, nenhuma palavra.
Mudar a embaixada de Tel Aviv para Jerusalém foi uma promessa de campanha de Jair Bolsonaro. Os eleitores evangélicos defendiam essa pauta e se animaram ao ver o então presidenciável encampar a medida ao longo do período eleitoral. Depois de alguns questionamentos internos, o governo adiou, mas não desfez a promessa.
Veja fotos de Bolsonaro em Israel, de sua saída de Brasília, do hotel onde está hospedado e da Terra Santa:
Chegada
O presidente brasileiro e a comitiva com mais de 50 pessoas desembarcaram em Jerusalém, capital política de Israel, por volta das 10h desse domingo (31/3) no horário local (4h em Brasília). Após lembrar-se das duas passagens pelo país, uma na qual foi batizado e a outra já em pré-campanha à Presidência da República, o chefe do Executivo destacou que a visita ao povo israelense tem por objetivo aumentar a cooperação entre os dois países.
Além de ciência e tecnologia, foram assinados acordos nas áreas de segurança pública, defesa, serviços aéreos, cibersegurança e saúde. Na ocasião, Bolsonaro também anunciou a abertura de um escritório em Jerusalém para a promoção de comércio, investimento, tecnologia e inovação, como parte da embaixada em Israel.