Bolsonaro elogia acordos com Israel, mas não cita troca de embaixada
O presidente brasileiro chegou ao país neste domingo (31/3) e cumpre intensa agenda oficial até a próxima quarta-feira (3/4)
atualizado
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Enviado especial a Jerusalém (Israel) – O presidente brasileiro, Jair Bolsonaro (PSL), fez uma declaração conjunta com o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, na qual ambos trocaram afagos e destacaram os cinco acordos de cooperação assinados neste domingo (31/3). Do lado israelense, Netanyahu afirmou que acredita na abertura de um escritório brasileiro em Jerusalém como um primeiro passo para a transferência da embaixada brasileira para a capital política do país.
“Eu vou contar um segredo, eu espero que esse seja o primeiro passo para, quem sabe, algum dia chegue a embaixada do Brasil a Jerusalém”, afirmou o primeiro-ministro.
Na sequência, o presidente brasileiro destacou a relevância econômica e científica dessas parcerias para o Brasil. Bolsonaro, no entanto, não respondeu às expectativas do israelense sobre a transferência da embaixada, uma promessa de campanha do chefe do Executivo brasileiro. Ele preferiu trazer o discurso para o campo do conflito ideológico entre o governo atual e os anteriores, liderados pelo Partido dos Trabalhadores (PT).
“Estivemos separados ideologicamente por um tempo, mas nossas origens falaram mais alto”, disse. Ele lembrou também o atentado à faca que sofreu durante a campanha eleitoral. “O povo do Brasil entendeu que deveríamos mudar o nosso destino, tendo Deus em nosso lado, nós conseguimos a vitória, a primeira foi uma luta pela vida”, disse.
Bolsonaro ressaltou a grandeza do país e apontou que falta pouco para o desenvolvimento. “Por isso, cada vez mais, nós nos aproximamos de países que estejam alinhados conosco na fé, nas tradições, na cultura, no culto à liberdade e à democracia.”
“Esse nosso casamento, no dia de hoje, trará muitos benefícios aos nossos povos, estou muito feliz e peço a Deus que continue nos iluminado para tomarmos boas decisões”, completou. Por fim, Bolsonaro, mais uma vez, disse “eu amo Israel”, em hebraico.
Acordos
Mais cedo, o Brasil decidiu estabelecer um escritório em Jerusalém para a promoção de comércio, investimento, tecnologia e inovação, como parte da embaixada em Israel. A notícia foi divulgada neste domingo (31/3) pela equipe que acompanha o presidente no país.
Também foram assinados acordos de cooperação entre Brasil e Israel nas áreas de ciência e tecnologia, segurança pública, defesa, serviços aéreos, cibersegurança e saúde.
Veja a chegada do presidente a Israel:
Chegada
O presidente Jair Bolsonaro chegou no avião oficial do governo brasileiro pontualmente às 10h da manhã em Israel (4h da manhã no Brasil). Os quatro ministros que acompanham a comitiva, Augusto Heleno (Segurança Institucional), Ernesto Araújo (Relações Exteriores), Marcos Pontes (Ciência e Tecnologia) e Bento Albuquerque (Minas e Energia), desceram pela porta de trás do avião.
Bolsonaro foi recepcionado, na porta da frente, pelo primeiro-ministro, Benjamin Netanyahu. Ao desembarcar, a orquestra do Exército israelense tocou o Hino brasileiro. Bolsonaro, com a mão no lado esquerdo do peito, ficou ombreado ao chefe de Governo de Israel e à sua mulher. Na sequência, foi executado o hino israelense. O presidente brasileiro manteve a posição da mão.
O passo seguinte foi a revista conjunta às tropas de Israel. Depois de inspecionar os armamentos de um dos militares, as autoridades presentes, de ambos os países, foram cumprimentadas, e Netanyahu fez o primeiro discurso.
Apesar de a expectativa ser um pronunciamento em inglês, o líder israelense falou apenas em hebraico. Bolsonaro discursou na sequência, em português. Ambos falaram por cinco minutos.
Busca no aeroporto
A recepção de Benjamin Netanyahu a Jair Bolsonaro no aeroporto é uma deferência que somente outros quatro chefes de Estado tiveram da atual administração. No poder desde 2009, o primeiro-ministro recebeu o atual presidente norte-americano, Donald Trump, e o antecessor, Barack Obama, no local. Além deles, o papa Francisco teve essa recepção e o primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, que retribuiu a gentileza em visita de Netanyahu, no ano passado, à Índia.
O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), primeiro e último mandatário brasileiro a visitar Israel, em 2010, não recebeu a mesma deferência. Na época, o então chefe de Estado brasileiro foi recebido por Shimon Perez, presidente de Israel, na residência oficial. Netanyahu já era primeiro-ministro, mas não dedicou essa atenção a Lula.
Israel é governado por um sistema parlamentarista, no qual o chefe de Governo é o primeiro-ministro e o chefe de Estado, com menos atribuições, o presidente.
Segundo a assessoria de imprensa da comitiva de Bolsonaro em Israel, a recepção faz parte da agenda encaminhada pela equipe do primeiro-ministro israelense.