Bolsonaro e Trump terão jantar reservado no resort Mar-a-lago
Este será o quarto encontro dos dois. O presidente dos EUA se prepara para a campanha de reeleição neste ano e tenta ganhar votos latinos
atualizado
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Enviado especial a Miami (EUA) – O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) terá o quarto encontro pessoal com o mandatário norte-americano, Donald Trump, no resort Mar-a-lago, que fica na cidade de Palm Beach, aproximadamente 150 km ao norte de Miami.
O jantar será realizado no próximo sábado (07/03) no clube que pertence, desde 1985, ao presidente dos Estados Unidos. Mar-a-lago é uma residência histórica, construída entre 1922 e 1927, e conta com mais de 100 quartos, spa e restaurantes. A entrada é apenas para sócios e convidados.
A informação foi confirmada por Trump em entrevista coletiva realizada pelo secretário de imprensa da Casa Branca. Antes disso, porém, Bolsonaro havia antecipado a possibilidade de se reunir com o colega em live na última quinta-feira (05/03) nas redes sociais.
Na mesma ocasião, o titular do Palácio do Planalto comentou a alta do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro em 2019. Apesar de a evolução ter sido de apenas 1,1%, o presidente disse que a economia “está muito bem”.
O encontro ocorre durante visita do presidente brasileiro a Miami e Jacksonville – capital do estado e maior cidade da Flórida. Trump se prepara para campanha de reeleição. Republicano, ele tem buscado busca o apoio de latinos, historicamente ligados ao partido democrata.
No comunicado emitido pela secretaria de imprensa da Casa Branca, a administração do mandatário dos EUA destacou o peso das duas economias – as maiores das Américas – e a importância de “restaurar a democracia” na Venezuela. “O presidente [Trump] vai usar essa oportunidade para agradecer o Brasil pela forte aliança com os Estados Unidos”.
Dessa forma, para o norte-americano o jantar terá significado simbólico. Para Bolsonaro, o encontro ocorre após o Brasil registrar notícias negativas nos campos econômico e de saúde, entre elas o aumento dos casos de coronavírus no país – nesta sexta, o governo da Bahia confirmou o nono caso da doença –, a disparada do dólar e o fraco resultado do Produto Interno Bruto (PIB) em 2019 – que avançou apenas 1,1%, abaixo dos níveis registrados na gestão Michel Temer (MDB).
Indústria de defesa
Um dos objetivos da ida de Bolsonaro aos EUA é a abertura do mercado norte-americano de compra de armas para o Brasil. Nesta semana, o governo aprovou acordo, conhecido por RDT&E (sigla inglesa para pesquisa, desenvolvimento, testes e avaliação), que será assinado no decorrer da visita do chefe do Executivo a Miami.
O Congresso ainda precisa ratificar o texto. Caso avance, o Brasil poderá ter acesso a um mercado imenso para venda de armas. O gasto militar dos EUA concentra aproximadamente 40% do total global. O principal fundo norte-americano da área de defesa somou US$ 96 bilhões no ano passado.
As exportações de produtos militares do Brasil em 2019 tiveram avanço significativo, fechando o ano com cerca de R$ 5,5 bilhões, alta de quase 30%.
Como o acordo prevê contrapartes dos dois lados, o encontro com Trump pode servir, também, para avançar em projetos considerados estratégicos para o país, como a produção de um submarino de propulsão nuclear para guardar a costa brasileira, que está entre as maiores do mundo.