Bolsonaro critica protecionismo em reunião de países do Brics
Para ele, as medidas que distorcem o comércio internacional prejudicam países em desenvolvimento, como o Brasil
atualizado
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Enviada especial a Osaka (Japão) – Na abertura da reunião dos países do Brics, em Osaka, no Japão, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) criticou o protecionismo e as medidas que distorcem o comércio internacional e prejudicam países em desenvolvimento, como o Brasil. O chefe do Executivo abriu a reunião porque o Brasil é o presidente de turno do bloco.
Diante dos líderes da Rússia, Índia, China e África do Sul, que compõem o grupo, Bolsonaro afirmou que “a persistência de correntes protecionistas e de práticas econômicas desleais é fonte de tensões comerciais e põe em risco a estabilidade das regras internacionais de comércio.”
Segundo o presidente, a redução de medidas que distorcem o comércio agrícola “segue sendo uma prioridade e uma tarefa de grande urgência para os países em desenvolvimento”. Bolsonaro se refere à diferença de subsídios para produtos industrializados e agrícolas, o que prejudica os países exportadores de commodities, como o Brasil.
Ao final da reunião, os Brics divulgaram uma declaração para reforçar as críticas ao protecionismo comercial e também se comprometer com o Acordo de Paris sobre o clima. Os emergentes afirmaram estar “empenhados com a plena implementação” do tratado.
A declaração aponta ainda que a implantação do acordo deve ser feita levando-se em conta as diferenças entre os países mais ricos e os em desenvolvimento. É o chamado princípio das responsabilidades “comuns, porém diferenciadas” e por isso os Brics cobram ajuda financeira dos países ricos. “Instamos os países desenvolvidos a fornecer apoio financeiro, tecnológico e de capacitação aos países em desenvolvimento para aprimorar sua capacidade em mitigação e adaptação”, revelou o documento.
A questão dos custos para implementação do acordo são um antigo ponto de tensão, nas discussões sobre medidas para redução de emissão de poluentes, entre países ricos e em desenvolvimento, o que dificulta consenso sobre o tema. Em Osaka não está sendo diferente. Segundo o embaixador Norbeto Moretti, principal negociador do Brasil no G20, “mudança climática é um dos temas mais complexos desta cúpula”. “É importante recordar as obrigações dos países desenvolvidos em matéria de financiamento para ajudar os países em desenvolvimento na implementação do Acordo de Paris”, disse o embaixador.
O outro ponto “complexo e delicado” é a diferença dos subsídios para produtos industrializados e agrícolas, o que também põe, muitas vezes, em lados opostos, países ricos e países em desenvolvimento, exportadores de commodities, como o Brasil. “A posição do Brasil é a mesma: é muito importante o tratamento equilibrado do tema”. Por conta das divergências, ainda estão sendo discutidos os termos da declaração final da cúpula de Osaka. “Estamos empenhados em chegar a um consenso”, afirmou o embaixador.
O G20 é o foro mais importante de discussão dos rumos da economia mundial. O grupo reúne as 19 maiores economias do mundo mais a União Europeia e foi criado há 20 anos, depois de seguidas crises financeiras globais nos anos 1990, que ocorreram em sequência: México, em 1994, Ásia, em 1997, e Rússia, em 1998. Desde então, tornou-se o mecanismo mais importante de governança econômica mundial. Os países membros do G20 representam 90% do PIB (Produto Interno Bruto) mundial; 80% do comércio internacional e dois terços da população do planeta.
Depois da crise financeira global de 2008, o G20 ampliou o alcance de temas tratados. Além de economia e finanças, entraram na pauta desenvolvimento sustentável, mudança climática, combate à corrupção, economia digital, energia, emprego, saúde e educação.