Análise: Bolsonaro brinca com fogo no confronto entre EUA e Irã
Quando foram às urnas em 2018, os eleitores não sabiam que o Brasil se posicionaria em uma crise bélica no distante Oriente Médio
atualizado
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Ao se posicionar do lado dos Estados Unidos na briga com o Irã, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) leva o Brasil para uma situação imprevisível. Por sua conta e risco, sem noção das consequências, o capitão joga o país em uma confusão bélica internacional.
O lançamento de mísseis pelo Irã em bases americanas no Iraque na noite desta terça-feira (07/01/2020) aumenta a tensão no Oriente Médio. No contexto, faz crescer também a apreensão dos brasileiros.
Quando votaram nas eleições de 2018, os eleitores não sabiam que, pouco mais de um ano depois, teriam o Irã como um potencial inimigo. Essa encrenca não foi aprovada nas urnas. Saiu da cabeça de Bolsonaro.
Apesar do tom diplomático, a nota divulgada pelo Itamaraty logo depois da morte do general iraniano Qassim Suleimani deu sinal inquestionável do alinhamento com os EUA. Em reação, o Irã convocou a encarregada de Negócios do Brasil em Teerã, Maria Cristina Lopes, para pedir explicações sobre o texto oficial.
Ainda não se sabe se o governo dos aiatolás adotará alguma medida contra o Brasil. Mas já se tem certeza de que a interferência no conflito ameaça as exportações para o Irã. Os empresários do agronegócio se preparam para uma piora nesse cenário.
Com seus movimentos externos, Bolsonaro quebra a tradição diplomática do Brasil de se manter equidistante nos confrontos internacionais. Pelo menos até agora, o presidente faz aposta cega em uma aliança com o presidente dos EUA, Donald Trump.
Para os brasileiros, fica difícil compreender as razões do capitão para se meter em um embate militar no distante Oriente Médio. Afinal, o Irã nada fez contra nós e as relações entre os dois países sempre foram pacíficas.
Deve-se levar em conta, claro, que o acirramento do confronto tem apenas uma semana. O Brasil ainda pode recuar do primeiro gesto, contra o Irã, e consequências mais drásticas podem não se confirmar.
Mas, por enquanto, o capitão deixa a impressão de que brinca com fogo. Se não forem abafadas, sobrará para os brasileiros apagar as labaredas.