Policial caiu do telhado ao ver atirador antes de atentado a Trump
Segundo xerife da cidade de Butler, após encontrar Thomas Matthew Crooks, o policial caiu do telhado, de uma altura de mais de 2 metros
atualizado
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De acordo com o xerife Michael Slupe, um policial da cidade de Butler, na Pensilvânia (EUA), chegou a subir no telhado e ver Thomas Matthew Crooks antes que ele tentasse matar o ex-presidente Donald Trump, no último sábado (13/7).
Em entrevista à agência Associated Press, o xerife relatou que o agente não conseguiu impedir Crooks. Segundo Michael Slupe, o policial que encontrou o atirador foi erguido por outro para que ele pudesse alcançar a borda do telhado. Assim que avistou Crooks, o suspeito mirou o fuzil em sua direção, o que o fez se desequilibrar e cair do telhado, de uma altura de, aproximadamente, 2 metros.
Esse detalhe ajuda a entender a dinâmica em torno da tentativa de assassinato. Por estar pendurado no momento do encontro, o policial não conseguiu puxar a arma, ainda de acordo com o xerife.
“Acho que todos os policiais no local fizeram tudo o que podiam, especialmente os policiais locais. Espero que (os policiais locais) não sejam feitos de bode expiatório, porque fizeram seu trabalho da melhor forma possível“, afirmou Slupe à AP.
Crooks atirou no ex-presidente com um fuzil AR-15 e o acertou na orelha. Trump foi imediatamente cercado por agentes do Serviço Secreto dos EUA e retirado do local. “Eu deveria estar morto”, disse Trump em primeira entrevista após o ocorrido, que está sendo investigado pelo FBI como possível ato de terrorismo doméstico.
Antes do atentado, diversas pessoas presentes no comício relataram aos policiais locais que Crooks estava agindo de forma suspeita, como contou um oficial sob condição de anonimato. Vídeos que circulam na internet mostram alguns desses alertas quando o atirador já estava no telhado, minutos antes de atirar.
O gerente do município de Butler, Tom Knights, revelou que o policial perdeu o controle, e não estava recuando quando caiu de uma altura de, aproximadamente, 2,4 metros. “Ele estava literalmente pendurado na borda de um prédio, e tomou a posição defensiva necessária naquele momento. Ele não conseguia se segurar”, explicou Knights.
O policial, que tem 10 anos de experiência na aplicação da lei, machucou gravemente o tornozelo na queda e estava usando uma bota ortopédica, segundo Knights.
Além do policial de Butler, um membro da unidade de serviços de emergência do Condado de Beaver avistou Crooks no telhado cerca de meia hora antes do tiroteio, revelou o jornal “WPXI”, afiliado da rede “NBC”, nessa segunda (15/7).
Falha de segurança
Segundo especialistas, o atentado representou uma grande falha de segurança do comício. Forças do Serviço Secreto americano estavam atuando no evento com o auxílio de agentes locais, como os que avistaram Crooks.
O Serviço Secreto estava a cargo pela segurança do evento, mas delegou às forças locais as áreas um pouco mais afastadas. Entretanto, investigações preliminares apontam que a agência federal de segurança também seria a responsável pela área onde estava o telhado utilizado pelo atirador, a menos de 150 metros de onde Trump discursava.
A diretora do Serviço Secreto dos EUA, Kimberly Cheatle, classificou o tiroteio como “inaceitável”, mas ela não vai renunciar ao cargo.
Investigação
Investigadores ainda buscam a motivação para a tentativa de assassinato de Trump, candidato do Partido Republicano à Presidência dos Estados Unidos. Técnicos do FBI obtiveram acesso aos dados do telefone de Crooks, mas ainda não descobriram uma possível motivação para o crime.
O caso está sendo investigado como um possível ato de terrorismo doméstico, mas a ausência de um motivo ideológico claro por Crooks — morto a tiros pelo Serviço Secreto — alimentou teorias conspiratórias. O FBI acredita que Crooks, que tinha materiais para fabricação de bombas no carro que dirigiu até o comício, agiu sozinho.
Investigadores federais apuraram que o fuzil AR-15 usado na tentativa de assassinato de Donald Trump foi comprado legalmente há 11 anos, segundo o jornal The Washington Post.
O jornal atribuiu a informação a um pessoa envolvida na investigação. O atirador Thomas Matthew Crooks, de 20 anos, comprou 50 cartuchos de munição na manhã do atentado, ainda de acordo com o jornal.
Crooks é descrito como um rapaz tímido, que era vítima de bullying e havia sido rejeitado no clube de tiro na escola por não ser bom atirador.
Ele formou-se na Bethel Park High School em 2022. Em um vídeo da cerimônia de formatura da escola, Crooks pode ser visto cruzando o palco para receber o diploma, parecendo magro e usando óculos. O distrito escolar coopera com os investigadores.
Em seu último ano, Crooks foi um dos vários estudantes premiados por matemática e ciências, de acordo com uma reportagem do Tribune-Review à época.
Atitude suspeita
No dia do atentado, vários participantes do comício relataram aos policiais locais que Crooks estava agindo de maneira suspeita. Em seguida, foi informado aos policiais que o atirador estava subindo uma escada. Os policiais o procuraram, mas não conseguiram encontrá-lo antes que ele chegasse ao telhado.
O xerife do condado de Butler, Michael Slupe, disse à AP que um policial local subiu até o telhado e encontrou Crooks, que o viu e virou em sua direção. Segundo Slupe, o policial não conseguiu sacar a arma. O policial recuou pela escada, e Crooks rapidamente disparou em direção a Trump, momento em que atiradores do Serviço Secreto o alvejaram, segundo dois oficiais que falaram à AP sob a condição de anonimato.
Oficiais do FBI informaram no domingo que estavam investigando o histórico e as atividades de mídia social de Crooks enquanto trabalhavam para ter acesso ao telefone dele. O aplicativo de mensagens Discord, uma plataforma popular entre pessoas que jogam jogos on-line, disse que Crooks tinha uma conta, mas a usava raramente.
Não há evidências de que ele tenha usado a conta na plataforma para promover violência ou discutir suas opiniões políticas, alegou um porta-voz do Discord.