Polícia volta a agir contra manifestantes em Hong Kong
Após dias de relativa calma durante os protestos na região, policiais lançaram bombas de gás lacrimogêneo contra os radicais
atualizado
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Após 10 dias de relativa calma em Hong Kong, a polícia usou neste sábado (24/08/2019) gás lacrimogêneo contra manifestantes pró-democracia que lançavam objetos contra os agentes. A região enfrenta desde junho sua pior crise política desde que foi devolvida pelo Reino Unido à China em 1997. Ações quase diárias são organizadas para denunciar a degradação das liberdades e a crescente interferência de Pequim na ex-colônia britânica.
Depois de uma série de episódios violentos, os protestos vinham sendo pacíficos nos últimos dias. Mas a tensão tomou conta nesta manhã do distrito de Kwun Tong, no leste de Hong Kong. Após marchar pelo bairro, milhares de manifestantes vestidos de preto e muitos com máscaras de gás e capacetes foram bloqueados por dezenas de policiais. Os radicais ergueram uma barricada em uma rua e lançaram garrafas contra os policiais, que responderam com o disparo de granadas de gás lacrimogêneo.
Segundo informações de um jornalista da agência France-Presse que estava no local, vários manifestantes foram presos. Depois de semanas de mobilizações pacíficas, as manifestações degeneraram entre o fim de julho e o início de agosto em confrontos entre os radicais e a força policial.
Além disso, houve o espancamento no aeroporto de Hong Kong de dois chineses suspeitos de serem espiões de Pequim. O incidente desencadeou acusações pelas autoridades chinesas de terrorismo e ameaças crescentes de intervenção militar.
No dia 18 de agosto, uma grande marcha pacífica foi organizada na antiga colônia britânica, reunindo 1,7 milhão de pessoas, segundo seus organizadores. “O pacifismo não vai resolver o problema”, retrucou neste sábado um dos manifestantes. “Foi o governo que recusou o diálogo com os manifestantes”, disse outro. “Eu não vejo nenhum futuro com este regime, é por isso que estou cada vez mais na linha de frente nas manifestações.”
“Os jovens que estão nas ruas estão colocando seu futuro em risco, e isso por Hong Kong”, disse Dee Cheung, de 65 anos. “Nós não concordamos com tudo o que eles fazem, especialmente com aqueles que atacam a polícia. Mas também temos que questionar o porquê eles fazem isso.”
A mobilização teve início em junho como rejeição a um projeto de lei que visava permitir as extradições à China. Desde então, o movimento expandiu consideravelmente suas demandas. Os manifestantes exigem, entre outras medidas, o total abandono da lei de extradição, a renúncia da chefe do Executivo local, Carrie Lam, e uma investigação sobre o uso da força pela polícia.
Funcionário consular britânico é libertado
A família de Simon Cheng, funcionário do consulado britânico que havia sido preso na China continental, anunciou neste sábado seu retorno a Hong Kong. As relações sino-britânicas estão tensas desde o início dos protestos em junho, com Pequim acusando Londres de interferir em seus assuntos internos.
O governo chinês havia indicado que o funcionário consular estava em detenção administrativa por 15 dias, sem apresentar razões. A imprensa chinesa informou que o motivo da prisão foi que Cheng “solicitou prostitutas”. A família dele disse que as acusações são “falsas”.