“Pessoas vão morrer por causa da fraqueza da Otan”, critica Zelensky
Zelensky ficou irritado com a decisão da Otan de não decretar zona de exclusão no espaço aéreo da Ucrânia
atualizado
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Em uma primeira crítica pública contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou o grupo militar coordenado pelos Estados Unidos de “dar sinal verde” para a Rússia bombardear o país.
Zelensky ficou irritado com a decisão da Otan de não decretar zona de exclusão no espaço aéreo da Ucrânia. A medida militar é uma proibição que funciona como tática de proteção contra ataques.
“Sabendo que novos ataques e baixas são inevitáveis, a Otan decidiu deliberadamente não fechar os céus sobre a Ucrânia”, criticou em um pronunciamento gravado e divulgado nesta sexta-feira (4/3).
O presidente ucraniano ainda alertou: “Pessoas vão morrer por causa da fraqueza da Otan. Ela deu sinal verde para a Rússia nos bombardear”.
Zelensky, que assiste ao recrudescimento da guerra, quer respostas mais incisivas dos países do Ocidente contra a arrancada russa. “Criaram uma narrativa em que supostamente fechar os céus da Ucrânia provocará uma agressão direta à Rússia”, salientou ao dizer que o entendimento é uma “auto-hipnose”.
Respostas decisivas e mais apoio internacional. As mais recentes declarações do presidente ucraniano dão dimensão de como a guerra tem desgastado o país. Ele tem pressa por um cessar-fogo.
Este é o momento mais tenso da disputa entre a Rússia e a Ucrânia. A tensão teve início com a exigência do governo russo de que o Ocidente negue a adesão ucraniana à Otan.
Na prática, Moscou vê essa possível adesão como uma ameaça à sua segurança. Os laços entre Rússia, Belarus e Ucrânia existiam desde antes da criação da União Soviética (1922-1991).
Bombardeios preocupam
Zelensky voltou a manifestar preocupação com as investidas russas contra usinas nucleares. As tropas controlam Chernobyl e bombardearam a maior central nuclear da Europa.
Para ele, o presidente russo, Vladimir Putin, quer promover o que chamou de “terrorismo nuclear”. O ucraniano afirmou ser preciso que a comunidade internacional mande uma “resposta decisiva”.
“Durante nove dias assistimos a uma guerra brutal. Estão destruindo nossas cidades. Eles estão bombardeando nosso povo, nossas crianças, bairros residenciais, igrejas, escolas e eles querem continuar. Sabendo que novos ataques e baixas são inevitáveis, a Otan decidiu deliberadamente não fechar os céus sobre a Ucrânia”, reclamou.
Antes, ele já havia cobrado apoio e alertado que a proporção da guerra pode sair da fronteira ucraniana. “Eu quero pedir que vocês não fiquem em silêncio, quero pedir que vocês saiam na rua e apoiem nosso país, apoiem nossa luta, e dizer que, se a Ucrânia não resistir, a Europa não vai resistir. Se nós cairmos, vocês caem. Então, por favor, não fiquem em silêncio, não façam vista grossa para isso. Saiam e apoiem a Ucrânia o máximo que puderem”, acrescentou.
ONU e ataques
A sexta-feira foi movimentada no campo político-diplomático. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) realizou uma reunião de emergência, após a Rússia cercar e bombardear a maior usina nuclear da Europa.
Os líderes iniciaram o encontro por volta das 13h40 desta sexta, pelo horário de Brasília. Os embaixadores estão preocupados com os riscos que esse tipo de ataque pode trazer, sobretudo em relação à radiação.
Enquanto a reunião acontecia, novos bombardeios ocorreram. Sirenes dispararam em Odessa e em Kiev, capital e coração do poder do governo. O encontro para pactuar um possível cessar-fogo foi adiado.
O megacomboio russo de tanques e tropas se movimentou em direção a Kiev. Na prática, as tropas russas querem cercar a capital e executar ataques simultâneos, o que dificulta a reação e a defesa.
Sob o risco de ataques, cidades do Sul do país acionaram sirenes de alerta contra bombas. Algumas províncias enfrentam falta de energia, interrupção do abastecimento de água e escassez de comida e remédios.
Reunião adiada
A terceira rodada de negociações entre a Rússia e a Ucrânia ficou para este fim de semana, de acordo com a chancelaria da Alemanha após um telefonema entre os dois chefes de Estado.
A segunda rodada de negociações realizada na quinta-feira (3/4) não apresentou como resultado os “corredores verdes”, que são rotas de fuga humanitárias.