Pesquisa revela como vota eleitor dos estados decisivos nos EUA
A eleição presidencial dos EUA é considerada a mais acirrada da história do país e será decidida em 7 estados decisivos
atualizado
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Os Estados Unidos vivem uma das eleições mais acirradas de sua história, com disputa intensa por votos entre Kamala Harris e o republicano Donald Trump. Faltando 38 dias para o pleito, o foco dos candidatos está nos estados decisivos: Arizona, Georgia, Michigan, Nevada, Carolina do Norte, Pensilvânia e Wisconsin.
Conhecidos como estados-pêndulos, eles não têm preferência por democratas ou republicanos, ou seja, os votos dos eleitores são alvo de Kamala e Trump. Como forma de entender o comportamento dos eleitores nesses locais, o New York Times divulgou, nessa quinta-feira (24/9), um levantamento dos dados do censo de quem votou em 2020, separando os grupos por raça e etnia; idade; educação e geografia.
A pesquisa também traz projeções de como pode ficar o voto desses eleitores no dia 5 de novembro.
Em 2020, em vários desses estados a vitória ficou por menos de 40 mil votos e, desde então, juntos, somam 1,3 milhão de eleitores em potencial.
Sendo assim, qualquer mudança no sentimento ou comparecimento de determinados grupos pode ser o suficiente para alterar o resultado desta eleição que se mostra ainda mais apertada que a anterior, entre Joe Biden e Donald Trump.
Veja o mapa dos estados decisivos
Arizona
A vitória de Joe Biden em 2020 no Arizona se deve em grande parte ao apoio de eleitores latinos no estado, pois eles representam quase um quarto dos eleitores registrados, valor que pelas pesquisas deve ser ainda maior nesta eleição.
De acordo com a pesquisa do New York Times, é importante destacar que, apesar da tendência dos votos latinos ser em candidatos democratas, especialmente diante do histórico agressivo de Donald Trump contra o grupo, especialistas dizem que essa parcela da população tem pouco apego partidário em comparação com outros não brancos. Por isso, podem ser persuadidos a mudar votos.
Em 2020, os votos de Trump no estado vieram de eleitores brancos com 35 anos ou mais, grupo responsável por metade dos votos do estado, devido ao número elevado de aposentados brancos no Arizona.
As pesquisas mostram que a tendência é que os democratas ganhem mais votos este ano.
Geórgia
No estado da Geórgia existe um padrão que os democratas buscam seguir à risca todos os anos: a “regra 30/30”. Explicando: para um candidato democrata vencer no estado, ele precisa que os eleitores negros representem 30% de todos os eleitores e que pelo menos 30% dos eleitores brancos votem nos democratas.
No estado, em 2020, 90% do eleitorado negro votou em Joe Biden. Porém, a abstenção foi alta. Cerca de 850 mil negros da Geórgia não votaram em 2020.
No início do ano, enquanto o presidente ainda era candidato à reeleição, segundo mostraram as pesquisas, o grupo mostrava menos entusiasmo de participar do pleito, com o ingresso de Kamala Harris na corrida, a tendência retornou a crescer.
Os partidos, em 2024, conforme o que aponta a pesquisa do New York Times, estão tentando atrair uma parcela cada vez maior de eleitores brancos com diploma de bacharel, grupo que votou metade em Trump e metade em Biden em 2020.
Michigan
Na eleição de 2020, Joe Biden venceu com facilidade o estado do Michigan, porém Donald Trump teve um ótimo desempenho entre os moradores brancos de comunidades suburbanas e rurais, que representaram quase dois terços dos eleitores nas eleições de 2020.
Em 2020, o bom desempenho dos democratas entre os eleitores não brancos e nos subúrbios de Detroit ajudou a apagar a vantagem dos republicanos nos subúrbios ao redor de cidades menores.
É importante notar que, apesar dos eleitores negros terem apoiado esmagadoramente Biden, representando apenas 14% do eleitorado, especialistas afirmam que o apoio negro aos democratas parece estar se reduzindo no Michigan.
O levantamento do New York Times revela que, agora, além do eleitorado negro que Kamala Harris busca atingir, já que é uma mulher negra, os candidatos precisam se atentar ao eleitorado muçulmano e árabe-americano. Eles representam 3% dos eleitores do estado.
Apesar de esta parcela ser tradicionalmente democrata, ela tem expressado discordância diante do apoio do governo Biden a Israel na guerra em Gaza e, por isso, diz que pode escolher ficar de fora desta eleição ou votar em um candidato de um terceiro partido.
Nevada
Apesar de tradicionalmente, nos EUA, eleitores com ensino superior votarem no Partido Democrata e os menos escolarizados votarem no Partido Republicano, em Nevada essa regra é modificada.
Nas últimas quatro eleições, apesar da baixa escolaridade da maioria do estado, os democratas venceram. Nevada é um dos estados, que os analistas imaginam que vire democrata, deixando de ser um swing-state (estado-pêndulo), aqueles que não tem um partido definido.
A explicação para essa mudança é que o nível educacional divide principalmente os eleitores brancos e muitos dos eleitores menos educados de Nevada não são brancos.
O desafio para Kamala nesta eleição é que a inflação prejudicou os eleitores da classe trabalhadora que podem ser captados por Trump.
Carolina do Norte
A Carolina do Norte foi um dos estados em que Donald Trump venceu, mesmo que por uma pequena margem, pois possui uma grande parcela de áreas rurais.
Um quinto dos eleitores registradod do estado são do campo, parcela da população que usualmente vota no Partido Republicano.
Agora, é importante destacar que a Carolina do Norte tem muitas cidades pequenas com uma forte divisão partidária entre moradores da cidade que favorece os democratas, enquanto moradores dos subúrbios favorecem os republicanos.
Kamala Harris está depositando atenção considerável no estado para reduzir os votos trumpistas nas áreas rurais e aumentar a participação eleitoral em cidades menores.
Pensilvânia
Apesar de Joe Biden ter vencido na Pensilvânia em 2020, a margem foi bem pequena, devido à tradicional divisão educacional.
Os eleitores brancos sem diploma de bacharel compunham quase metade do total dos votantes, e eles favoreceram Trump. Porém, não foi o suficiente para ele superar a coalizão de eleitores brancos com diploma universitário e eleitores não brancos que deram a vitória ao Biden.
A aposta da democrata é manter o resultado de Biden e tentar recuperar uma parcela do eleitorado das áreas rurais e cidades pequenas do estado que votaram com Trump na eleição passada.
Trump precisa focar em suas áreas tradicionais, mas, principalmente, nas cidades da Pensilvânia e nos subúrbios da Filadélfia, áreas que representaram mais de 40 por cento dos votos em 2020.
Wisconsin
Joe Biden foi o vencedor de Wisconsin, mas por uma vantagem muito pequena. A maior parte do apoio recebido por Trump veio das mais de 1.000 pequenas cidades do estado e dos subúrbios externos de Milwaukee, cidade do estado.
No entanto, a parte do estado que mais cresce é a que tende a favorecer o Partido Democrata: os subúrbios de Madison, lar do campus principal da Universidade de Wisconsin.