Pela 1ª vez, papa chama minoria muçulmana na China de “povo perseguido”
Segundo o Departamento de Estado dos EUA, cerca de dois milhões de uigures e outros grupos minoritários são levados para centros de detenção
atualizado
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O papa Francisco se referiu publicamente, pela primeira vez, aos uigures, minoria muçulmana na China, como povo perseguido. A atitude do religioso quebrou o silêncio sobre as alegações de abuso generalizado dos direitos humanos na região de Xinjiang.
De acordo com a CNN, o papa relatou, no novo livro, Let us dream: the path to a better future (Deixe-nos sonhar: o caminho para um futuro melhor), publicado nessa segunda-feira (23/11): ” Penso com frequência nos povos perseguidos: os rohingyas, os pobres uigures, os yazidis, o que o Estado Islâmico fez com eles foi verdadeiramente cruel, ou cristãos no Egito e no Paquistão mortos por bombas que explodiram enquanto eles rezavam na igreja”.
Segundo o Departamento de Estado dos Estados Unidos, cerca de dois milhões de uigures e outros grupos minoritários são levados para grandes centros de detenção em Xinjiang, onde ex-presos descrevem que são sujeitos a doutrinação, abuso físico e esterilização.
Pequim alega, no entanto, que os campos são centros de “treinamento vocacional”, construídos para enfrentar a ameaça de extremismo religioso, e nega as alegações de abusos generalizados dos direitos humanos em Xinjiang.
O livre, escrito junto ao biógrafo papal Austen Ivereigh, em meados de 2020, faz uma reflexão sobre a visão de Francisco a respeito de um mundo pós-coronavírus.
“Há 56 grupos étnicos na China, e o grupo étnico dos uigures é um membro igual da grande família da nação chinesa. O governo chinês sempre tratou [todos] os grupos minoritários de forma igualitária e protegeu seus direitos e interesses legítimos”, afirmou.