Para se livrar de acusação de fraude, Boeing aceita pagar US$ 2,5 bilhões
Justiça norte-americana acusava empresa de enganar funcionários que fiscalizaram os aviões envolvidos em acidentes na Indonésia e na Etiópia
atualizado
Compartilhar notícia
O Departamento de Justiça norte-americano informou nesta quinta-feira (7/1) que a Boeing concordou em pagar mais de US$ 2,5 bilhões para que seja arquivada uma acusação que a empresa teria conspirado para fraudar a Administração Federal de Aviação (FAA), órgão que fiscaliza a atividade nos Estados Unidos, durante a revisão do 737 Max, avião envolvido em dois acidentes que resultaram em 346 mortes.
De acordo com o procurador-geral David Burns, que atua na Divisão Criminal do Departamento de Justiça, os acidentes “expuseram a conduta fraudulenta e enganosa de funcionários de um dos principais fabricantes mundiais de aviões comerciais”.
“Os funcionários da Boeing escolheram o caminho do lucro em vez da franqueza, ocultando informações materiais da FAA sobre a operação de seu avião 737 Max e empenhando-se em encobrir seu engano”, disse Burns em comunicado.
“Esta resolução responsabiliza a Boeing pela conduta criminosa de seus funcionários, aborda o impacto financeiro para os clientes das companhias aéreas da Boeing e, esperançosamente, fornece alguma medida de compensação para as famílias e beneficiários das vítimas”, explicou o procurador.
O Departamento de Justiça disse que a Boeing admitiu que dois de seus pilotos técnicos enganaram os reguladores federais de segurança sobre um sistema de software que estava envolvido em ambos os acidentes.
Segundo o órgão, os manuais dos aviões e os documentos de treinamento precisavam de informações sobre o sistema.
O primeiro avião caiu na costa da Indonésia em outubro de 2018. Outra aeronave caiu na Etiópia em março do ano seguinte.
O segundo acidente fez com que a utilização do avião fosse banida do mundo todo. Somente em novembro do ano passado, após alterações no sistema de computador, é que o a FAA autorizou o jato a voar novamente.