Para ONU, lei contra terrorismo da Nicarágua criminaliza protestos
Mais de 300 pessoas já foram mortas, desde 18 de abril, durante as manifestações contra o governo Ortega
atualizado
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O Escritório do Alto Comissário das Nações Unidas (ONU) para os Direitos Humanos denunciou que a lei sobre terrorismo aprovada recentemente pelo parlamento da Nicarágua pode ser usada para criminalizar protestos pacíficos. “O texto é muito vago e permite uma ampla interpretação podendo provocar a inclusão (na definição de terrorista) de pessoas que estão simplesmente exercendo seu direito de protestar”, disse o porta-voz do escritório, Rupert Colville.
O porta-voz denunciou não apenas as ações desproporcionais das forças de segurança, mas criticou que grupos armados aliados ao governo usam a violência de forma indiscriminada. Desde 18 de abril, ondas de protestos violentos tomam conta da Nicarágua.
Diariamente manifestantes e forças policiais entram em confrontos. Muitos dos mortos em quase três meses de protestos foram baleados na cabeça, no pescoço e nos olhos. Segundo o secretário-executivo da Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH), Paulo Abrão, isso constitui prova de que “atiraram para matar”. Exames balísticos realizados pelos investigadores da CIDH revelaram que as balas, de alto calibre, partiram de armas normalmente usadas pelas forças de segurança.