metropoles.com

Papa relata perseguição na Argentina: “Queriam cortar a minha cabeça”

Papa Francisco, nascido na Argentina, alega ter sido vítima de perseguição no governo de Cristina Kirchner por conduta durante a ditadura

atualizado

Compartilhar notícia

Google News - Metrópoles
Getty Images/Franco Origlia
Papa Francisco - Metrópoles
1 de 1 Papa Francisco - Metrópoles - Foto: Getty Images/Franco Origlia

O papa Francisco relatou ter sido vítima de perseguição na Argentina enquanto era arcebispo de Buenos Aires. Segundo o pontífice, o governo da então presidente (hoje, vice) Cristina Kirchner teria dado “indicações” a pelo menos três juízes para condená-lo por condutas durante a ditadura no país, que durou de 1976 a 1983.

Em relato a jesuítas húngaros, no fim de abril, o papa lembrou que prestou um longo testemunho, em 8 de novembro de 2010, sobre as suspeitas de ter entregado dois padres acusados de terem ligações com a guerrilha às forças da ditadura. Eles são identificados como Orlando Yorio e Ferenc Jalics.

Francisco nega as acusações e diz que, anos depois, foi procurado pelos magistrados que dizem ter sofrido “pressões” do governo para acusá-lo.

“Alguns do governo queriam cortar a minha cabeça, e não levantaram tanto essa questão do Jalics [de origem húngara], mas questionaram toda a minha forma de agir durante a ditadura”, contou o pontífice. As informações são do jornal El País.

Segundo Francisco, a oitiva durou mais de quatro horas, e um dos juízes teria insistido “muito” no comportamento dele como arcebispo. “Eu sempre respondi com sinceridade. Mas, para mim, a única questão séria e fundamentada era a do advogado que pertencia ao Partido Comunista. E, graças a essa pergunta, as coisas ficaram claras. No fim, a minha inocência foi provada”, prosseguiu.

Francisco conta ainda que, no bairro onde trabalhavia, havia uma célula de guerrilha. No entanto, os dois jesuítas sequestrados não tinham nada a ver com eles. Eram pastores, não políticos.

“Quando Jalics e Yorio [os dois padres] foram presos pelos militares, a situação na Argentina era confusa, e não estava claro o que deveria ser feito. Fiz o que senti que tinha de fazer para defendê-los. Foi uma situação muito dolorosa”, lembrou o papa.

Suspeitas

Quando Francisco foi eleito papa, em 2013, muitos na Argentina defenderam que ele não havia feito o suficiente pelos detidos desaparecidos durante a ditadura. Ele também foi acusado de cumplicidade com os militares.

Segundo o líder religioso, apesar da incapacidade de condená-lo, os juízes o encontraram anos depois para revelar os motivos por trás das longas horas de depoimento, quando ele tinha assumido o cargo mais alto da Igreja Católica.

“Eu disse ao juiz: ‘Eu mereço ser punido cem vezes, mas não por isso.’ Disse a ele para ficar em paz com essa história. Sim, mereço ser julgado pelos meus pecados, mas, neste ponto, quero ser claro. Também encontrei outro dos três juízes, e me disseram claramente que tinham recebido indicações do governo para me condenarem”, revelou o papa.

Compartilhar notícia

Quais assuntos você deseja receber?

Ícone de sino para notificações

Parece que seu browser não está permitindo notificações. Siga os passos a baixo para habilitá-las:

1.

Ícone de ajustes do navegador

Mais opções no Google Chrome

2.

Ícone de configurações

Configurações

3.

Configurações do site

4.

Ícone de sino para notificações

Notificações

5.

Ícone de alternância ligado para notificações

Os sites podem pedir para enviar notificações

metropoles.comNotícias Gerais

Você quer ficar por dentro das notícias mais importantes e receber notificações em tempo real?