Papa Francisco fala sobre Bento XVI: “Um presente para a Igreja”
Francisco não se pronunciou imediatamente após a morte de Bento XVI, mas esperou a cerimônia do fim de ano para homenagear o papa emérito
atualizado
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O papa Francisco esperou a cerimônia do fim de ano no Vaticano para se pronunciar pela primeira vez sobre a morte do papa emérito Bento XVI. Na celebração do Te Deum, que lembra as vésperas da Solenidade de Maria Santíssima Mãe de Deus e faz ação de graças pelo fim de 2022, ele falou sobre a amabilidade e a gentileza de Maria e lembrou de Bento XVI.
“Nosso pensamento se volta espontaneamente ao querido papa emérito Bento XVI, que nos deixou nesta manhã. Com comoção, recordamos a sua pessoa tão nobre, tão amável. E no nosso coração sentimos tanta gratidão. Gratidão a Deus e a ele, por todo o bem que fez. E sobretudo o seu testemunho de fé e oração, especialmente nesses últimos anos de sua vida retirada”, afirmou, diante dos cerca de 8 mil fiéis que estavam na Basílica de São Pedro.
Francisco ressaltou qualidade de Bento XVI, a quem chamou de “homem nobre e gentil” e um “presente” para a Igreja e para o mundo. “É com emoção que recordamos sua pessoa, tão nobre, tão gentil. E sentimos em nosso coração tanta gratidão, gratidão a Deus por tê-lo presenteado à Igreja e ao mundo”, disse Francisco.
Bento XVI morreu neste sábado (31/12). Ele tinha 95 anos e se encontrava em estado grave. O papa Francisco, atual chefe da Igreja Católica, fez, durante a semana, pedidos de orações aos fiéis para o seu antecessor.
O papa emérito recebeu a unção dos enfermos na última quarta-feira (28/12), ao final da missa celebrada no mosteiro e na presença das irmãs Memores Domini, que o auxiliaram desde que ele foi para lá. O corpo do papa emérito estará na Basílica de São Pedro para a saudação dos fiéis a partir da segunda-feira (2/1).
O funeral está marcado para a próxima quinta-feira (5/1). Já foi definido que o papa Francisco presidirá a solenidade.
Nascido Joseph Aloisius Ratzinger, o papa emérito renunciou ao cargo em 2013, algo que só havia acontecido há 600 anos. Desde então, vivia em um antigo convento dentro dos jardins do Vaticano, com o secretário dele, o arcebispo Georg Ganswein, auxiliares e uma equipe médica.
A vida
Ratzinger nasceu em 16 de abril de 1927, em uma pequena vila chamada Marktl am Inn, na Baviera, Alemanha, às margens do rio Inn. Seus pais eram Joseph, um comissário de polícia, e Maria Peintner.
Ele entrou no seminário em 1939 e se tornou padre em 29 de junho de 1951. Na tarde de 19 de abril de 2005, Ratzinger foi escolhido como papa para suceder o futuro santo João Paulo II, que exerceu a função por 26 anos, 5 meses e 17 dias.
Depois de dois dias e quatro rodadas de conclave, às 17h56 (horário local), a chaminé da Capela Sistina exalou a fumaça branca: havia sido escolhido o 265º sucessor de Pedro. Então prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Ratzinger pediu para ser chamado de Bento XVI.
A explicação: ele queria se inspirar na coragem de Bento XV (1914-1922) durante a 1ª Guerra Mundial. E também em São Bento de Núrsia, copadroeiro da Europa, chamado de patriarca do monarquismo ocidental.
Bento XVI só veio uma vez ao Brasil. A visita ocorreu em 2007. O ponto alto foi a canonização de Santo Antônio de Sant’Anna Galvão, o primeiro santo brasileiro, no dia 11 de maio daquele ano. Do ponto de vista apostólico, porém, a principal razão veio a ser o início da 5ª Conferência Geral do Episcopado Latino-americano e do Caribe, em Aparecida, no interior de São Paulo.
A renúncia
O papa Bento XVI anunciou sua renúncia em 11 de fevereiro de 2013, e deixou o cargo em 28 de fevereiro de 2013. Segundo o próprio papa, foi uma “escolha difícil”, mas feita “em plena consciência”. Diversas vezes ele falou que não se arrependia. E sempre deixou claro que renunciava por causa da velhice.
“Alguns de meus amigos um tanto ‘fanáticos’ ainda estão irritados, eles não quiseram aceitar minha escolha. Acreditam nas teorias de conspiração: alguns disseram que foi por causa do escândalo Vatileaks, outros por causa de um complô do lobby gay, outros ainda por causa do caso do teólogo conservador Lefebvrian Richard Williamson. Eles não querem acreditar em uma escolha feita conscientemente. Mas minha consciência está limpa”, explicou Bento XV, em uma entrevista reveladora ao jornal Corriere della Sera.
Logo após a confirmação da morte de Joseph Ratzinger, líderes mundiais prestaram homenagens. Presidentes, primeiros-ministros e chanceleres lamentaram a partida do pontífice, defensor de doutrinas mais ortodoxas da Igreja Católica.