Papa a homossexual molestado por padre: “Deus te fez assim e te ama”
Juan Carlos Cruz foi abusado sexualmente por um religioso chileno. Francisco pediu “perdão em nome da Igreja” pelo crime cometido
atualizado
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O chileno Juan Carlos Cruz, que sofreu abuso sexual por um padre pedófilo, afirmou que o papa Francisco disse: “Deus te fez assim, te ama assim e a mim não importa”, segundo o jornal espanhol El País. Esse seria um dos comentários mais progressistas já feitos pelo pontífice sobre homossexualidade.
De acordo com o relato feito à publicação, Cruz, recentemente, teve uma longa conversa em particular com o papa, na qual falou sobre os abusos sofridos e a falta de ação por parte dos bispos com as denúncias.
Os comentários de Francisco foram elogiados pela comunidade LGBT como mais um sinal de que o pontífice deseja que os homossexuais se sintam bem-vindos e amados pela Igreja Católica. Questionado sobre os comentários do pontífice feitos a Cruz, o porta-voz do Vaticano, Greg Burke, disse à emissora CNN: “Normalmente não comentamos as conversas particulares do papa”.
De acordo com o El País, Cruz foi vítima de abusos cometidos pelo padre Fernando Karadima. Um de seus discípulos era Juan Barros, a quem Cruz acusa de ter estado presente durante os episódios de abuso.
Inicialmente, Francisco desprezou os relatos das vítimas e até mesmo de membros do seu conselho sobre abuso sexual. Em 2015, ele nomeou Barros como bispo do Chile. Outros bispos se opuseram à nomeação porque sabiam que o passado dele era problemático.
Ainda em 2015, Francisco recebeu uma carta de Cruz detalhando seus erros. Na ocasião, o papa enfureceu os chilenos ao dizer que as acusações contra Barros eram “calúnias” e que tinha certeza de sua inocência.
Cargos à disposição
Na última sexta-feira (18/5), todos os 34 bispos chilenos puseram seus cargos à disposição do pontífice. Em declaração à imprensa, eles contaram ter sido convocados pela maior liderança da Igreja Católica para prestarem contas sobre os escândalos de abuso sexual no país.
Entre os 34 bispos presentes na reunião, estiveram vários dos acusados de terem acobertado durante décadas os abusos cometidos por Karadima, suspenso de forma vitalícia depois de ter sido declarado culpado, em 2011, por abuso sexual de menores nos anos 1980 e 1990.
As demissões vieram após a divulgação dos detalhes de um relatório de 2,3 mil páginas produzido pelo Vaticano sobre os casos. Nas conclusões do papa sobre o documento, ele acusa os bispos de destruirem provas dos crimes, pressionarem os investigadores para minimizar as acusações de abuso e de cometerem “graves negligências” na proteção das crianças contra padres pedófilos.