Panamá tira registro de navio que resgatava imigrantes e culpa Itália
Na prática, quando o barco ancorar pela próxima vez em um porto, sua bandeira será retirada e ele não poderá mais navegar
atualizado
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A Autoridade Marítima do Panamá retirou o registro do navio Aquarius 2, usado no Mediterrâneo para salvar imigrantes e resgatar barcos que estão naufragando entre o norte da África e o sul da Europa. Com a exclusão, a rota entre a Líbia e o continente europeu ficará sem um barco de resgate de entidades independentes.
Ao longo dos últimos dois anos, por pressão política, mais de uma dezena de embarcações foram impedidas de atuar. O Aquarius transporta hoje 58 sobreviventes. Na prática, quando o barco ancorar pela próxima vez em um porto, sua bandeira será retirada e não poderá mais navegar.
A ONG SOS Mediterranee, uma das entidades administradoras da embarcação, denunciou que o Panamá foi forçado a revogar o registro “sob pressão política e econômica flagrante do governo italiano”.
A autoridade panamenha se justificou: “Infelizmente, é necessário que o Aquarius seja excluído de nosso registro, porque significa um problema político para o governo panamenho e para as embarcações panamenhas que chegam aos portos europeus”.
O ministro do Interior italiano, Matteo Salvini, garantiu não ter havido pressão. Mas acusou o Aquarius 2 de ter ignorado instruções da guarda costeira da Líbia e minado o trabalho das autoridades. “Eles podem mudar o nome do barco e a bandeira outras mil vezes. Mas os portos italianos ficarão fechados a eles”, disse, de acordo com a imprensa italiana. Há dois meses, Salvini acusou o barco de ser um “serviço de táxi” para migrantes.
O governo italiano ameaçou recentemente vetar o orçamento da União Europeia se não houvesse uma ofensiva contra a imigração. “Esta situação condena centenas de homens, mulheres e crianças, que buscam desesperadamente segurança, e é um forte golpe contra o trabalho do Aquarius”, disse a SOS Mediterranee.
Desde o começo do ano, mais de 1,2 mil pessoas se afogaram ao tentar cruzar o Mediterrâneo. “A chance de afogamento hoje é três vezes maior do que para quem fez o mesmo trajeto em 2015”, indicou a ONU em comunicado.