Palestina se pronuncia sobre mandado de prisão contra Netanyahu
Estado da Palestina comemorou a decisão do TPI contra líderes israelenses, mas ignorou denúncias contra líder do Hamas
atualizado
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O Estado da Palestina comemorou a decisão do Tribunal Penal Internacional (TPI) de emitir mandados de prisão contra os líderes de Israel, primeiro-ministro Benjamin Netanyahu e ex-ministro da Defesa Yoav Gallant por crime de guerra.
Em uma declaração divulgada pela agência oficial de notícias palestina Wafa, o governo afirma que a decisão do tribunal “restaura a esperança e a confiança não apenas no direito internacional e nas instituições da ONU, mas também na importância da justiça, da responsabilização e do julgamento de criminosos de guerra”, seis meses após o promotor-chefe Karim Khan solicitá-los.
“O povo palestino ainda está sujeito a genocídio, crimes de guerra que assumem a forma de utilização da fome como método de guerra e crimes contra a humanidade que se manifestam em assassinatos, opressão e deslocamento, entre outros.”
O texto ainda acrescenta que a Palestina continuara a se envolver com instituições e tribunais de justiça internacionais “até que todos os criminosos que cometeram e ainda cometem crimes contra o povo palestino sejam responsabilizados para garantir justiça e equidade aos palestinos.”
Apesar disso, o posicionamento palestino não faz referência ao mandado de prisão contra o líder do Hamas Mohammed Deif, que também foi emitido pelo TPI. Israel diz que matou o dirigente.
O Hamas, por sua vez, também ignorou o mandado de prisão contra Deif e comentou apenas as denúncias contra Netanyahu, em uma nota divulgada à imprensa.
O grupo afirma que “este é um primeiro passo que mostra o compromisso internacional com a justiça”, mas que a medida ainda é limitada. O texto reforça a importância de “todos os países do mundo” apoiarem a decisão do Tribunal.
Leia a nota a íntegra:
“Esta decisão histórica é um passo importante no sentido da justiça para a causa palestiniana, mas permanece limitada e simbólica se não for apoiada pelas metodologias certas e apoiada por todos os países do mundo para a implementar.
Este é um primeiro passo que mostra o compromisso internacional com a justiça. Deve ser enviada a cada criminoso de guerra uma mensagem de que não escapará à punição, independentemente do tempo que demore, e não importa o quanto tente enganar as pessoas ou distorcer a narrativa, a verdade prevalecerá.”
O que diz Israel?
O gabinete do primeiro-ministro israelense rejeitou categoricamente as alegações e afirmou que o país “não cederá à pressão, não será dissuadido e não recuará” até que todos os objetivos de guerra de Israel sejam alcançados.
Leia uma parte da declaração:
“Israel rejeita totalmente as ações e acusações absurdas e falsas contra ele pelo tribunal penal internacional, que é um órgão político tendencioso e discriminatório.
Não há guerra mais justificada do que a que Israel está conduzindo em Gaza desde 7 de outubro de 2023, depois que a organização terrorista Hamas lançou um ataque mortal contra o país, cometendo o maior massacre contra o povo judeu desde o Holocausto.
A decisão foi tomada por um promotor-chefe corrupto, tentando se salvar de sérias acusações de assédio sexual, e por juízes tendenciosos, motivados pelo ódio antissemita contra Israel.”
O presidente do país, Isaac Herzog, descreveu a decisão do Tribunal Penal Internacional como “um dia sombrio para a humanidade”.
Em uma publicação nas redes sociais, Herzog disse: “Tomada de má-fé, a decisão ultrajante do TPI transformou a justiça universal em motivo de chacota universal. Ela zomba do sacrifício de todos aqueles que lutam pela justiça – desde a vitória dos Aliados sobre os nazistas até hoje.”
Mandados de prisão
O Tribunal Penal Internacional (TPI), organismo internacional permanente, com jurisdição para investigar e julgar indivíduos acusados de genocídio, crimes contra a humanidade, crimes de guerra e crime de agressão, afirma ter provas suficientes de que os alvos de mandados cometeram deliberadamente crimes de guerra ao atacarem civis.
A decisão é uma resposta à solicitação feita pela Procuradoria do tribunal contra Netanyahu, em maio deste ano, e a outros três pedidos feitos contra líderes do Hamas.
Os crimes pelos quais os líderes do Israel foram acusados são:
- Indução à fome como método de guerra;
- Sofrimento deliberado na população civil;
- Assassinato de civis;
- Ataques deliberados a civis;
- Exterminação de povo;
- Perseguição e tratamento desumano.
Os crimes pelos quais os líderes do Hamas foram acusados são:
- Exterminação de povo;
- Assassinato de civis;
- Sequestrar e fazer civis reféns;
- Tortura;
- Estupro e atos de violência sexual;
- Tratamento cruel e desumano
Apesar de os 124 países signatários terem se comprometido a seguir as decisões do TPI, o tribunal não tem força policial que os faça cumprir os mandados de prisão.