Países tentam resgatar refugiados ucranianos de Mariupol
França, Turquia e Grécia reúnem esforços para garantir a retirada de civis da Ucrânia. Com esse objetivo, Macron fará um telefonema a Putin
atualizado
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França, Turquia e Grécia se juntaram na tentativa de resgatar refugiados em Mariupol, cidade ucraniana que foi devastada pela guerra iniciada em 24 de fevereiro.
Segundo informações da agência estatal russa de notícias RIA, os presidentes Emmanuel Macron, da França, e Vladimir Putin, da Rússia, conversarão nesta sexta-feira (25/3) sobre a crise humanitária na região.
De acordo com a agência, “nas próximas horas”, Macron fará um telefonema a Putin. O francês coordena os esforços dos países para a retirada de civis.
A movimentação político-diplomática ocorre horas após autoridades locais de Mariupol confirmarem a morte de pelo menos 300 pessoas devido ao suposto bombardeio russo a um teatro.
O local seria usado como abrigo para os ucranianos. Havia, inclusive, inscrições em tinta branca, ao lado do edifício, avisando aos invasores que crianças estavam escondidas por lá.
Na quinta-feira (24/3), aliados de Putin relataram que o Exército do país tomou o poder em Mariupol, cidade estratégica do sul ucraniano. Ao menos dois nomes ligados ao chefe do Kremlin confirmaram a informação.
O chefe do Rússia Unida, Andrei Turchak, e o líder checheno, Ramzan Kadyrov, garantiram a conquista. O governo da Ucrânia nega.
“Para que ninguém tenha dúvidas: a Rússia está aqui para sempre”, declarou Turchak ao afirmar que a Rússia reconstruirá Mariupol.
Na mesma tendência, Ramzan Kadyrov disse que tropas ucranianas se renderam e que militares russos tomaram a Prefeitura de Mariupol.
“Os soldados relataram no rádio que libertaram o prédio da administração de Mariupol e levantaram nossa bandeira”, declarou. E acrescentou: “Abandonaram suas posições”.
Nos últimos dias, Mariupol se tornou um dos principais alvos de ataques. Segundo autoridades ucranianas, 100 mil pessoas estavam na região e não conseguiram fugir.
A Rússia já tem o controle de regiões separatistas, como Donbass e a Crimeia – região anexada ao território russo em 2014.
O presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, já admitiu que a situação no local é “desumana”. Na noite da terça-feira (22/3), em pronunciamento gravado, o líder da Ucrânia afirmou que a cidade estava sem acesso a comida, água e remédios. “Vamos lutar o máximo que pudermos. Até o fim e com todas as nossas forças”, frisou.
Cidade “estratégica”
Mariupol – área considerada estratégica pela Rússia, por sua posição geográfica – estava há mais de 20 dias cercada, mas os militares não haviam conseguido tomar o poder.
A Human Rights Watch descreveu a cidade como “uma paisagem infernal congelante repleta de cadáveres e prédios destruídos”. Segundo o governo ucraniano, 93% das residências foram devastadas pela guerra.
Autoridades locais disseram que duas bombas grandes foram atiradas em direção à cidade. Para o governo da região, os russos teriam a intenção de dizimar Mariupol.
Sob ataques constantes e em colapso, Mariupol é o último grande centro ucraniano a resistir na faixa entre a Crimeia e o território russo.