“Acho que uma solução poderia ser a Ucrânia desistir do território e obter a adesão à Otan em troca”, disse o chefe de gabinete do secretário-geral da aliança, Stian Jenssen, em um evento realizado nessa terça-feira (15/8) na Noruega.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
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Apesar da ligação direta com o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, Stian Jenssen enfatizou que essa era uma opinião pessoal e não da aliança, e que cabe à Ucrânia “decidir quando e em que termos quer negociar”.
“Não estou dizendo que tem que ser exatamente assim. Mas pode ser uma solução provável”, enfatizou.
Apesar do esclarecimento, a Ucrânia não recebeu bem a declaração.
“Trocar território por um guarda-chuva da Otan? É ridículo. Isso significa escolher deliberadamente a derrota da democracia, encorajar um criminoso global, preservar o regime russo, destruir o direito internacional e passar a guerra para outras gerações”, escreveu o conselheiro de Zelensky, Mykhailo Podolyak, no Twitter.
Recentemente, um assessor de Zelensky afirmou que a Ucrânia é contra qualquer proposta de cessar-fogo pois isso significaria uma chance para a Rússia se preparar para uma nova fase da guerra, a menos que a Otan mudasse de ideia e mostrasse disposição para “conceder adesão de emergência”.
Após a polêmica, a Otan agiu rápido para botar panos quentes na declaração de Stian Jenssen. Uma fonte da aliança militar afirmou ao jornal Ukrainska Pravda que o bloco apoia a soberania territorial da Ucrânia.
“Apoiamos totalmente a soberania e a integridade territorial da Ucrânia, como os líderes da Otan reafirmaram na Cúpula de Vilnius em julho. Continuaremos a apoiar a Ucrânia enquanto for necessário e estamos empenhados em alcançar uma paz justa e duradoura”, disse.