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Otan anuncia nesta terça maior reforço militar desde a Guerra Fria

Aliança militar se reúne, nesta terça (28/6), em meio ao prolongamento da guerra na Ucrânia e pedidos de adesão ao grupo

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Sede da Otan em Bruxelas-Metrópoles
1 de 1 Sede da Otan em Bruxelas-Metrópoles - Foto: Getty Images

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) reúne sua cúpula a partir desta terça-feira (28/6), em Madri, na Espanha. O objetivo do encontro é adotar uma postura de recrudescimento das sanções contra a Rússia, diante do prolongamento do conflito no leste europeu, e anunciar o maior reforço militar desde a Guerra Fria.

Segundo o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, a reunião irá consolidar o plano de aumentar de 40 mil para mais de 300 mil o número de soldados em nível de alta prontidão, para situações de emergência.

“Esta cúpula será um ponto de virada, e várias decisões importantes serão tomadas”, afirmou o secretário-geral, em entrevista coletiva em Bruxelas nessa segunda (27/6).

Além do aumento das tropas, países-membros discutirão estratégias de segurança internacional em meio à guerra na Ucrânia, bem como uma eventual adesão da Finlândia e da Suécia ao grupo, apesar da resistência da Turquia.

“Espero que os aliados afirmem claramente que a Rússia representa uma ameaça direta à nossa segurança, aos nossos valores e à ordem internacional baseada em regras”, disse Stoltenberg.

O secretário adicionou que é imperativa uma resposta da aliança ao Kremlin. “A Rússia abandonou a parceria e o diálogo que a Otan tenta estabelecer há muitos anos. Escolheram o confronto em vez do diálogo. Lamentamos isso —mas é claro que precisamos responder a essa realidade.”

Reestruturação

De acordo com o cientista político Leonardo Paz, analista do Núcleo de Prospecção e Inteligência Internacional da Fundação Getulio Vargas (FGV), a cúpula ocorre em momento crucial para promover uma espécie de refundação do grupo militar, que vinha perdendo o sentido estratégico ao longo dos anos.

“Esse encontro sucede a guerra na Ucrânia e, portanto, vai consolidar o resgate do propósito da Otan. O grupo estava enfrentando problemas na própria natureza desde a Guerra Fria, uma vez que a Rússia não aparentava ser uma ameaça geoestratégica para o continente”, ressalta.

A ofensiva russa sobre o território ucraniano se encaminha para o quinto mês, um conflito que representa o momento de maior tensão bélica no continente desde a Segunda Guerra Mundial. Diante do cenário, países membros devem rever o tom da Otan com relação ao Kremlin— pela redação atual, firmada em 2010 na cúpula de Lisboa, a Rússia é um “parceiro estratégico”.

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Otan é a sigla para Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar intergovernamental criada em 4 de abril de 1949, após o final da Segunda Guerra Mundial
Os países signatários do tratado, na época, eram a Bélgica, França, Noruega, Canadá, Islândia, Países Baixos, Dinamarca, Portugal, Itália, Estados Unidos, Luxemburgo e Reino Unido
Quando criada, reunia países ocidentais e capitalistas, liderados no contexto da bipolaridade formada entre os Estados Unidos (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), no período da Guerra Fria
A Otan tinha por objetivos impedir o avanço do bloco socialista no continente europeu, fazendo frente à URSS e a seus aliados da Europa Oriental, além de fornecer ajuda mútua a todos os países membros
A aliança era baseada em três pilares: a defesa coletiva dos Estados membros, impedir o revigoramento do militarismo nacionalista na Europa, e encorajar a integração política europeia
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Divulgação/Otan
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Otan é a sigla para Organização do Tratado do Atlântico Norte, uma aliança militar intergovernamental criada em 4 de abril de 1949, após o final da Segunda Guerra Mundial

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Os países signatários do tratado, na época, eram a Bélgica, França, Noruega, Canadá, Islândia, Países Baixos, Dinamarca, Portugal, Itália, Estados Unidos, Luxemburgo e Reino Unido

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Quando criada, reunia países ocidentais e capitalistas, liderados no contexto da bipolaridade formada entre os Estados Unidos (EUA) e a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS), no período da Guerra Fria

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A Otan tinha por objetivos impedir o avanço do bloco socialista no continente europeu, fazendo frente à URSS e a seus aliados da Europa Oriental, além de fornecer ajuda mútua a todos os países membros

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A aliança era baseada em três pilares: a defesa coletiva dos Estados membros, impedir o revigoramento do militarismo nacionalista na Europa, e encorajar a integração política europeia

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O período de bipolaridade entre EUA e URSS dividiu o mundo. Os dois países e seus respectivos aliados mantinham-se em alerta para eventuais ataques bélicos

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A Otan investiu em tecnologia de defesa, na produção de armas estratégicas e também espalhou pelas fronteiras soviéticas sistemas de defesa antimísseis

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Na fase final da Guerra Fria, a organização passou a assumir novos papéis. Em 1990, sob ordem do Conselho de Segurança da ONU, a Otan interveio no conflito da ex-Iugoslávia. Foi a primeira vez que agiu em território de um Estado não membro

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Em 2001, a Otan anunciou a aplicação do princípio da segurança coletiva: um ataque feito a um país membro seria um ataque contra todos os demais

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Como os ataques terroristas ocorridos em setembro de 2001 foram considerados atos de guerra pelo governo norte-americano, a cláusula foi acionada. Por esse motivo, a organização participou da invasão ao Afeganistão

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Além de ver o terrorismo como nova ameaça, a Otan colaborou com operações de paz e realizou ajuda humanitária, como aos sobreviventes do furacão Katrina, em 2005

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Soldados da Otan também realizaram operações militares em zonas conflituosas do mundo, como o Bálcãs, o Oriente Médio e o norte da África

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Atualmente, a aliança é composta por 32 países, localizados principalmente na Europa

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Bósnia e Herzegovina, Geórgia e Ucrânia são os três países classificados como “membros aspirantes” à organização. Porém, para a Rússia, a perspectiva da antiga república soviética Ucrânia se juntar à Otan é impensável

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Além da guerra

Apesar do protagonismo da questão da Ucrânia, outros temas, como o avanço da expansão do bloco para territórios ao norte — após Finlândia e Suécia formalizarem um pedido de adesão à aliança —, devem entrar em pauta.

Autoridades dos países nórdicos anunciaram o desejo de integrar a Otan em maio. A Turquia, um dos membros do grupo, ameaça bloquear a entrada da Finlândia e da Suécia na organização.

O presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, alega que as nações eram o “lar de muitas organizações terroristas”, referindo-se principalmente a militantes do Partido dos Trabalhadores do Curdistão, legenda conhecida como PKK. O grupo guerrilheiro curdo foi designado pelos Estados Unidos como uma organização terrorista em 1997.

“A Turquia encontra nos curdos um problema grave de perda de soberania. Portanto, uma das questões que estamos de olho nessa reunião é o quanto o assunto vai avançar e o quanto aliados e o chefe de Estado turco está disposto a abrir mão para a entrada dos países nórdicos”, pondera o analista Leonardo Paz.

Também devem ser discutidos nos dois dias de encontro assuntos como a instabilidade no norte da África — tema que deve ser trazido pela Espanha, anfitriã da cúpula — bem como a questão climática e o terrorismo.

Agenda

Esta semana será movimentada na agenda internacional. Líderes do G7, grupo formado pelas sete potências mais industrializadas do planeta, estão reunidos desde o último domingo (26/6), na Baviera, ao sul da Alemanha. O encontro termina nesta terça-feira (28/6), mesma data de início da Cúpula da Otan, que também dura dois dias.

Durante participação na reunião do G7, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, fez um apelo para que a guerra com a Rússia termine ainda este ano, antes do início do inverno no continente europeu. O líder ucraniano defendeu que “este não é o momento para negociações”.

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