Otan afirma que Rússia cria pretexto para usar armas químicas
“O uso de alterará a natureza do conflito violação da lei internacional consequências o que seria perigoso”, alerta secretário-geral
atualizado
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A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) afirmou que a Rússia pretende usar armas químicas e biológicas contra a Ucrânia.
Após reunião de cúpula, nesta quinta-feira (24/3), em Bruxelas, o secretário-geral da Otan, Jens Stoltenberg, fez alertas ao governo russo sobre as consequências que esse tipo de ataque teria.
“Temos visto a retórica. Os russos tentam criar pretexto para se prepararem para o uso de armas químicas e biológicas”. Segundo ele, o país liderado por Vladimir Putin acusa outras nações de utilizarem esse tipo de armamento para poder legitimar um eventual contra-ataque.
Stoltenberg ainde declarou que o uso de armas químicas alteraria “dramaticamente a natureza do conflito” e ressaltou que, se isso acontecer, haverá “consequências severas e em larga escala”.
Bombas de fósforo
Antes, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou a Rússia de usar bombas de fósforo contra crianças.
Zelensky levou a denúncia para a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan), ao participar da reunião de cúpula, na qual falou por vídeo.
“Nesta manhã, houve ataques com bombas de fósforo e novamente morreram crianças, além de adultos”, informou o líder ucraniano.
As bombas de fósforo são semelhantes a armas incendiárias e causam graves ferimentos. Elas são compostas por substâncias solúveis em gordura e, assim, provocam queimaduras profundas.
Caso fragmentos entrem na corrente sanguínea, pode haver falência múltipla de órgãos e feridas já cobertas podem reabrir quando os curativos são retirados e o local fica exposto ao oxigênio.
Ataques
Os bombardeios na Ucrânia completam um mês nesta quinta-feira (24/3) e não dão sinais de que vão parar. Russos continuam os ataques em centros urbanos. Ucranianos dizem ter afundado um navio militar da tropa inimiga.
Autoridades de Kharkiv, segunda maior cidade da Ucrânia, disseram que ao menos seis civis morreram e 15 ficaram feridos após um bombardeio russo.
O ataque teria atingido uma agência de correio próxima a um local onde moradores da cidade recebiam ajuda humanitária. A acusação é do governador regional, Oleg Siniegubov.
Em contrapartida, a Ucrânia fez um ataque inédito com mísseis contra um porto que havia sido ocupado pela Rússia nesta quinta-feira.
Segundo agências internacionais de notícias, ao menos um navio de desembarque de tropas, blindados e munição, o Orsk, foi destruído no ataque e afundou nos 5 metros do porto de Berdyansk, segundo a Marinha ucraniana.
Resolução da ONU
Nesta quinta-feira, os embaixadores responsabilizaram o país comandado por Vladimir Putin pela “crise humanitária” provocada pela guerra.
Foram 140 votos a favor, 5 contra e 38 abstenções. O Brasil votou a favor da resolução. O texto prevê o envio de ajuda humanitária, mas há detalhes.
Na direção contrária, a Assembleia Geral se negou a votar uma resolução que “eximia” a Rússia pelo início do conflito da Ucrânia. Na prática, o documento funcionaria como um “perdão” pela guerra.
O texto foi proposto pela África do Sul, não chegou a ser votada após ser rechaçada por 67 países na Assembleia, seguindo pedido da Ucrânia. A Rússia apresentou um texto semelhante. A Assembleia Geral da ONU tem 193 integrantes.
Mortos na guerra
No dia em que a guerra na Ucrânia completa um mês, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou um número preocupante: 1.035 civis perderam a vida durante os bombardeios.
Nesta quinta-feira, o escritório de direitos humanos informou ainda que ao menos 90 crianças estão entre os mortos. Outras 1.650 pessoas se feriram.
A ONU reconhece a subnotificação dos números, uma vez que é difícil obter relatórios de áreas que estão sob intenso bombardeio.
Antes, o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) disse, em comunicado, que 4,3 milhões de crianças —portanto, mais da metade dos menores de 18 anos no país, estimados em 7,5 milhões— tiveram de deixar suas casas. Do total, ao menos 1,8 milhão refugiou-se em outros países.
Os Estados Unidos e a União Europeia (UE) articulam uma série de medidas contra a Rússia e seu líder, Vladimir Putin
O chefe da diplomacia da UE, Josep Borrell, acusou a Rússia de não ter interesse em negociar um cessar-fogo na Ucrânia.
Clique aqui e leia a cobertura completa da guerra na Ucrânia.
“Neste momento, a Rússia não quer sentar e negociar nada: o que quer é ocupar o terreno”, salientou Borrell após reunião da cúpula da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan).
O conselheiro de segurança nacional norte-americano, Jake Sullivan, adiantou o que pretende o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, e confidenciou que a maior preocupação é com ataques cibernéticos russos e o uso de armas químicas.
“É importante porque tudo será decidido nos próximos 15 dias. O que vai fazer história é a capacidade dos ucranianos de resistir”, frisou.
Recados
A cúpula da Otan mandou recados duros a dois países aliados do presidente russo, Vladimir Putin. A entidade militar advertiu China e Belarus, além de dizer que as nações são “cúmplices” da guerra na Ucrânia.
Nesta quinta-feira, a guerra completa um mês e os líderes da Otan estão reunidos em Bruxelas. Ocorre que foi justamente o desejo da Ucrânia de entrar na organização que deu início à invasão russa, em 24 de fevereiro.
O grupo está preocupado com a guerra. “Temos a responsabilidade de assegurar que o conflito não escale”, disse o secretário-geral, Jens Stoltenberg.
Ele advertiu a China a não apoiar Vladimir Putin, seu aliado, e disse que a ditadura de Belarus tem de parar de ser cúmplice de Moscou.
A declaração ocorre em meio a rumores de que Pequim está fornecendo ajuda militar e econômica a Moscou para auxiliar na guerra na Ucrânia.
Belarus passou a centralizar uma polêmica internacional após sofrer acusações de facilitar a invasão e depois ter executado ataques contra a Ucrânia com mísseis.
Dia decisivo
A tensão global tem atingido níveis estratosféricos com a falta de entendimento entre russos e ucranianos e a deterioração das relações político-diplomáticas envolvendo outras nações, como Estados Unidos, Rússia e China.
A quinta-feira tem intensa agenda internacional: haverá reunião da cúpula da Otan, do conselho da União Europeia e do G7 — grupo dos países mais ricos do mundo.
Os encontros debaterão a instabilidade geopolítica atual. Novas sanções contra a Rússia, o risco do uso de armas nucleares e o fortalecimento da defesa mundial são as principais pautas divulgadas até o momento.