Oposição alemã pede para que Angela Merkel rompa aliança com Arábia Saudita
A execução de 47 pessoas, entre elas o religioso xiita Nimr Baqir al-Nimr, gerou uma onda de críticas da comunidade internacional. ONU e Anistia Internacional também são contrários ao ato
atualizado
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A oposição parlamentar alemã pediu neste domingo (3/1) ao governo de Angela Merkel para romper a “aliança estratégica”, política e comercial com a Arábia Saudita, após as 47 execuções de ontem (2) pelo país árabe.
- O líder do partido Os Verdes, Cem Ozdemir, afirmou que o governo da chanceler deve pôr fim à sua linha de “silêncio intolerável” contra as autoridades sauditas.
Para o líder de Os Verdes, a coligação de Merkel coloca os “interesses econômicos e as exportações de armamento” na defesa dos direitos humanos e defende relações com a Arábia Saudita no suposto papel estratégico do país na luta contra o grupo extremista Estado Islâmico.
- Também o grupo parlamentar de esquerda criticou a “relação de parceiros estratégicos” que Berlim mantém com a Arábia Saudita.
A execução de 47 pessoas, entre elas o religioso xiita Nimr Baqir al-Nimr, gerou uma onda de críticas da comunidade internacional. O dirigente era um crítico feroz do regime saudita, foi condenado à morte em outubro de 2014 por rebelião, “desobediência ao soberano” e “porte de armas”.
O líder supremo do Irã, ayatollah Ali Khamenei, advertiu que a Arábia Saudita vai sofrer uma “vingança divina” pela execução de “um mártir”, que foi morto “injustamente”.
ONU
O secretário-geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, disse neste domingo que está “profundamente consternado” com a execução. Segundo o porta-voz da ONU, Ban Ki-moon apelou à calma nas reações às mortes.
Ban Ki-moon apelou “à calma e à moderação nas reações à execução de Nimr al-Nimr e pediu a todos os dirigentes da região para tentar evitar o agravamento tensões sectárias”, acrescentou o porta-voz da ONU.
Anista Internacional
A Anistia Internacional também condenou a execução na Arábia Saudita. “O assassinato de al-Nimr sugere que as autoridades da Arábia Saudita estão empregando a pena de morte em nome do antiterrorismo para ajustar contas e oprimir os dissidentes”, criticou, em comunicado, o diretor da Anistia Internacional para o Médio Oriente e Norte de África, Philip Luther.
Para a Anistia Internacional, cumprir essas sentenças de morte, “quando há sérias dúvidas sobre a legitimidade do julgamento, é uma justiça monstruosa e irreversível”.
Nimr Bager esteve na liderança dos protestos da população xiita em 2011 e 2012 no Leste da Arábia Saudita, onde são maioritários, num país em que predomina o islamismo sunita, praticado por 85% dos 30 milhões de habitantes.