Operadoras defendem conciliação com big techs em debate sobre taxação
Empresas de telecomunicação, operadoras e fabricantes de telefonia móvel abordaram o tema no Mobile World Congress 2024, em Barcelona
atualizado
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Barcelona – Em meio à discussão sobre a criação de uma taxa de internet para as big techs, empresas de Telecomunicação e a GSMA, associação internacional que representa os interesses de mais de 750 operadoras e fabricantes de telefonia móvel de 220 países, adotaram o discurso de “crescer em parceria”.
Durante a abertura do Mobile World Congress 2024, em Barcelona, chefes de grandes empresas no mundo insistiram no avanço das discussões acerca das cobranças como uma questão de sobrevivência.
Sem citar especificamente o conceito de “fare share” ou “network fee”, o discurso do “juntos somos mais fortes e vamos mais longe” foi alinhado. “Fare share” é o modelo defendido pelas operadoras de telecom com a lógica de que como os grandes provedores de conteúdo usam muito a rede, fazem um uso massivo, essas empresas, as big techs (Facebook, YouTube, Netflix …) deveriam contribuir para a expansão das redes de telecom, pagando uma taxa pelo uso massivo.
As empresas de internet preferem chamar a agenda de “network fee”. Elas alegam que a imposição de pagamento de uma taxa pelas grandes plataformas às teles não seria necessária. O argumento é de que não precisam contribuir com a infraestrutura porque já o fazem com o desenvolvimento dos conteúdos o que, na visão deles, estimula o consumo dos serviços de banda larga.
O presidente da Telefónica, José María Álvarez-Pallete, durante sua palestra, ressaltou a importância da colaboração entre empresas de telecomunicações, big techs, agregadores, desenvolvedores de software e todos os participantes da indústria para o futuro digital.
“É hora de uma parceria global e uma governança justa para entregar uma cadeia de valor sustentável e benéfica”, disse Álvarez-Pallete.
Na palestra de abertura do Mobile World Congress, ele ressaltou que indústria das telecomunicações tem se tornado co-criadora ativa da nova era digital. E que há necessidade de o setor ter uma regulação do século 21 que vá além dos antigos modelos regulatórios, e com um ecossistema mais equilibrado.
Operadoras querem regulação
A CEO da Vodafone, operadora móvel multinacional inglesa com sede em Londres, Reino Unido, Margherita Della Valle, analisou que é necessário “reiniciar a regulação de telecomunicação”.
“Imagine se os bilhões que gastamos hoje fossem para investimento? Vamos trabalhar juntos. Ter sucesso na indústria enseja parcerias, colaborações. Para servir nossos usuários melhor é necessário abrir cooperação” completou.
No Brasil, a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) abriu uma tomada de subsídios sobre o tema. Esse tipo de consulta possibilita o encaminhamento de contribuição por escrito que pode ser aberta ao público ou restrita a convidado. É usada para a construção de conhecimento sobre alguma matéria e para o desenvolvimento de propostas.
“Os serviços desses grandes provedores de conteúdo digital, as chamadas big techs, estão ancorados nas redes de telecom e essas plataformas fazem o uso massivo da infraestrutura de telecom sem que façam qualquer contribuição para a expansão da rede. O que as teles defendem, em todo o mundo, é que as big techs também contribuam para ampliar a rede de telecom acrescentou Marcos Ferrari, presidente-executivo da Conexis Brasil Digital, entidade que representa as maiores operadoras de telecom do Brasil.
Ainda segundo Ferrari, “as big techs são responsáveis por grande parte do tráfego que hoje é carregado pelas redes de telecomunicações – mundialmente são responsáveis por mais de 82% do tráfego total nas redes móveis -, sem que façam qualquer contribuição para melhorar a qualidade dessas redes”.
A repórter faz a cobertura do Mobile World Congress (MWC) a convite da Huawei.