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ONU teme que situação em Gaza “mergulhe em profundo abismo” no Ramadã

Escritório de Direitos Humanos da ONU teme que haja mais mortes e crimes com os planos de ofensiva terrestre de Israel a Rafah

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Abed Rahim Khatib/Anadolu via Getty Images
Ataque de Israel à Faixa de Gaza depois do cessar-fogo ONU
1 de 1 Ataque de Israel à Faixa de Gaza depois do cessar-fogo ONU - Foto: Abed Rahim Khatib/Anadolu via Getty Images

O Escritório de Direitos Humanos da ONU revelou, nesta sexta-feira (8/3), que teme que a situação na Faixa de Gaza possa piorar ainda mais durante o mês sagrado muçulmano do Ramadã, em caso de ataque de Israel à cidade de Rafah.

A área do sul abriga centenas de milhares de palestinos que buscaram refúgio das ações militares que acontecem há seis meses. Cerca de 1,5 milhão de pessoas já foram deslocadas “em condições sub-humanas deploráveis”.

Em declarações a jornalistas em Genebra, o porta-voz do escritório, Jeremy Laurence, disse haver inquietação porque “a situação já catastrófica pode mergulhar em profundo abismo”, à medida que muitos palestinos celebram o período que visa “honrar a paz e a tolerância”.

O escritório destaca que qualquer ataque terrestre a Rafah implicaria uma “enorme perda de vidas e aumentaria o risco de novos crimes atrozes”, numa atuação que ele defende que “não deve ser permitida que aconteça.”

Sobre o início do mês do calendário islâmico marcado pelo jejum, a partir dos próximos dias, o escritório disse haver inquietação porque as restrições de Israel ao acesso dos palestinos a Jerusalém Oriental e à Mesquita de Al-Aqsa durante o Ramadã podem “inflamar” ainda mais as tensões.

Setor pesqueiro arrasado, diz ONU

Na quinta-feira, o relator especial da ONU para a alimentação, Michael Fakhri, declarou que quase 75% do setor pesqueiro em Gaza foi arrasado pelos bombardeios de forças israelenses.

Falando aos 47 Estados-membros do órgão, em Genebra, ele disse que “Israel montou uma campanha de fome contra o povo palestino em Gaza, e uma forma de o fazer é visando os pescadores de pequena escala”.

O especialista declarou que desde 7 de outubro, Israel vedou “todo o acesso ao mar, empobrecendo os pescadores que anteriormente viviam confortáveis”.

O especialista destacou que as forças israelenses “dizimaram o Porto de Gaza, destruindo todos os barcos de pesca e barracos”. Em Rafah, restam apenas duas das 40 embarcações que havia. Em Khan Younis, Israel foram destruídas aproximadamente 75 navios de pesca de pequena escala.”

Fornecimento de ajuda humanitária

O coordenador humanitário interino para os Territórios Palestinos, Jamie McGoldrick, estima que seja preciso fazer passar pelo menos 300 caminhões por dia para Gaza. Ele declarou que neste momento “passam cerca de 150”.

Antes do início do Ramadã, o representante anunciou que houve uma queda de até metade no total de entradas de fornecimentos de ajuda humanitária em fevereiro em Gaza, em comparação com janeiro.

O chefe humanitário para os territórios palestinos apontou haver “enormes e crescentes necessidades de mais de 2,3 milhões de pessoas que vivem em condições terríveis”.

*Os relatores de direitos humanos são independentes das Nações Unidas e não recebem salário pelo seu trabalho.

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