ONU rejeita alegações de Israel sobre terroristas em hospitais de Gaza
Segundo relatório da ONU, ataques de Israel contra hospitais em Gaza levaram o sistema de saúde local “à beira do colapso total”
atualizado
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A Organização das Nações Unidas (ONU) acusou o governo de Benjamin Netanyahu de não apresentar provas de que hospitais na Faixa de Gaza, atacados por forças de Israel, são usados como bases de grupos extremistas locais. A informação consta no relatório publicado, nesta terça-feira (31/12), pelo gabinete do Alto Comissariado para os Direitos Humanos da ONU (ACNUDH).
O documento afirma que Israel realizou ao menos 136 ataques em 39 instalações médicas no enclave palestino, causando a morte de profissionais de saúde, civis e provocando danos nas estruturas locais. Os casos foram registrados entre 12 de outubro de 2023 e 30 de junho de 2024.
“Como se o bombardeio implacável e a terrível situação humanitária em Gaza não fossem suficientes, o único santuário onde os palestinos deveriam se sentir seguros de fato se tornou uma armadilha mortal. A proteção dos hospitais durante a guerra é primordial e deve ser respeitada por todos os lados, em todos os momentos”, disse Volker Türk, o Alto Comissário da ONU para os Direitos Humanos.
Segundo o relatório, os constantes bombardeios contra instalações médicas, protegidas pelo direito internacional humanitário, levaram o sistema de saúde de Gaza “à beira do colapso total”.
Israel, por sua vez, justifica que os ataques contra hospital no enclave visam membros do Hamas e de outras organizações extremistas que operam na região. A narrativa israelense é contestada pela ONU, que acusa a administração Netanyahu de não apresentar provas suficientes sobre as acusações.
“Na maioria dos casos, Israel alega que os hospitais estavam sendo usados indevidamente para fins militares por grupos armados palestinos, afirma o relatório. No entanto, informações insuficientes foram disponibilizadas até agora para comprovar essas alegações, que permaneceram vagas e amplas e, em alguns casos, parecem contraditas por informações publicamente disponíveis. Se essas alegações fossem verificadas, isso levantaria sérias preocupações de que grupos armados palestinos estivessem usando a presença de civis para se protegerem intencionalmente de ataques, o que equivaleria a um crime de guerra”, diz um trecho do relatório.
A última das operações contra uma instalação médica em Gaza ocorreu na sexta-feira (27/12), no hospital Kamal Adwan, o último em funcionamento na região norte.
Durante a ação, o hospital foi evacuado e alguns profissionais de saúde foram presos, incluindo o diretor do centro médico, Hussam Abu Safiya. A detenção foi confirmada pelas Forças de Defesa de Israel (FDI), que acusaram o médico de ser um agente do Hamas, mas sem apresentar provas. O paradeiro dele ainda é desconhecido.