ONU cria comissão para investigar crimes de guerra em Gaza
O governo brasileiro votou a favor da criação da comissão de inquérito, mas deixou claro que texto tinha problemas
atualizado
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O Conselho de Direitos Humanos da ONU criou nesta sexta-feira (18/5) uma comissão de inquérito para investigar o abuso de força e eventuais crimes de guerra por parte do governo de Israel, depois que confrontos na Faixa de Gaza resultaram em mais de cem mortos entre os palestinos desde março.
O projeto prevê um processo “internacional, independente e imparcial”. A decisão, que também condena Israel pelas violações, foi aprovada por 29 votos a favor, 2 contra e 14 abstenções. O Brasil votou a favor da criação da comissão. Votaram contra Estados Unidos e da Austrália.
Antes da votação, o chefe de Direitos Humanos da ONU, Zeid Raad Al Hussein, afirmou que a população de Gaza está “enjaulada em uma favela tóxica” e pediu o fim da ocupação de Israel.Apenas na segunda-feira, cerca de 60 palestinos foram mortos pelo Exército israelense. Os protestos foram organizados pelo Hamas, que controla Gaza. O governo de Israel alega que terroristas usam as manifestações para encobrir tentativas de cruzar a fronteira.
Zeid insistiu que “o contraste profundo no número de vítimas em ambos os lados sugere haver uma resposta desproporcional” por parte de Israel. De acordo com ele, um soldado israelense foi ferido por uma pedra na segunda-feira (14), enquanto 43 palestinos foram mortos no local de protestos, além de outros 17 fora da zona.
O representante da ONU também indicou que há “pouca evidência de tentativas de Israel de minimizar o número de mortos”. Para ele, portanto, as mortes foram ilegais, já que poderiam ser consideradas como propositais.
Por esse motivo, Zeid foi um dos que apoiou a criação da comissão de inquérito e pediu a punição dos responsáveis. “A ocupação precisa acabar. Isso faria com que a insegurança e violência desaparecessem”, disse.
Aviva Raz Shechter, embaixadora de Israel na ONU, rejeitou a culpa pela crise. Segundo ela, foi Israel, e não o Hamas, quem tentou evitar danos aos civis. Para ela, o Conselho de Direitos Humanos da ONU tem uma “obsessão anti-Israel”. A embaixadora insistiu: seu país tem o direito de proteger sua fronteira.