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ONU: Conselho de Segurança faz reunião emergencial após ataque a usina

Encontro ocorre após tropas russas cercarem e bombardearem a maior central nuclear da Europa. Radiação está controlada

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Conselho de Segurança da ONU se reúne num amplo salão em Nova Iorque. A mesa onde sentam-se os líderes é circular, a frente de um painel - Metrópoles
1 de 1 Conselho de Segurança da ONU se reúne num amplo salão em Nova Iorque. A mesa onde sentam-se os líderes é circular, a frente de um painel - Metrópoles - Foto: Reprodução

O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU) realiza uma reunião de emergência após a Rússia cercar e bombardear a maior usina nuclear da Europa, na Ucrânia.

Os líderes iniciaram o encontro por volta das 13h40 desta sexta-feira (4/3), pelo horário de Brasília. Os embaixadores estão preocupados com os riscos que esse tipo de ataque pode trazer, como vazamento radiativo.

Enquanto a reunião acontece, novos bombardeios ocorreram na Ucrânia. Sirenes dispararam em Odessa e em Kiev, capital e coração do poder do governo. A reunião para um cessar-fogo foi adiada.

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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra

Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito

Agustavop/ Getty Images
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local

Pawel.gaul/ Getty Images
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km

Getty Images
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia

Andre Borges/Esp. Metrópoles
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país

Poca/Getty Images
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro

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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta

OTAN/Divulgação
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território

AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território

Elena Aleksandrovna Ermakova/ Getty Images
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado

Will & Deni McIntyre/ Getty Images
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles

Vostok/ Getty Images
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo

Vinícius Schmidt/Metrópoles

O embaixador da Ucrânia na ONU, Sergiy Kyslytsya, não confia na versão russa para o ataque. “Sofremos um ataque terrorista nuclear da Rússia”, salientou.

“O órgão de monitoramento não teve acesso à usina. Alguns sistemas de monitoramento não estão funcionando”, denunciou. “É alarmante que muitos funcionários da manutenção da usina tenham sido mortos por soldados russos. Não houve troca de turno”.

Ele completa: “Exigimos reações claras da agência internacional de energia atômica”, disse, ao defender um posicionamento da comunidade internacional e a retirada das tropas.

A embaixadora dos Estados Unidos, Linda Thomas-Greenfield, pediu que a Rússia retire as tropas da usina para permitir que os funcionários tenham acesso ao local para os operadores manterem a operação segura.

“É preciso avaliar danos e o sistema de arrefecimento dos reatores. Instalações nucleares não podem ser parte desse conflito”, frisou.

Tropas russas negaram que o incêndio na maior usina nuclear da Europa, a ucraniana Zaporizhzhia, tenha sido ocasionado por bombardeios de militares da Rússia. Ao contrário, segundo o The Independent, eles atribuíram a culpa a esquadrões de sabotagem da Ucrânia.

Rússia nega prejuízos nucleares

O embaixador russo na ONU, Vasily Nebenzia, chamou de “campanha de desinformações contra a Rússia” a acusação de bombardeio à usina. Ele negou que a central tenha sofrido impactos.

“A usina foi tomada em 28 de fevereiro pelas forças russas. Fizemos isso para evitar que nacionalistas uranianos e outros terroristas se beneficiem e façam ameaças nucleares. Além disso, evitar interrupção do fornecimento de energia para Ucrânia e consumidores europeus. A equipe que está operando tem experiência e sabe cuidar da usina”, defendeu.

Segundo Nebenzia, a operação continua “normalmente”. “A usina continua operando e não existe nenhum risco de vazamento de material radioativo”, garantiu na ONU.

Brasil condena

O embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, condenou o ataque. Para ele, o risco de um vazamento traz “consequências sérias para a população”.

“Estamos confrontados com a possibilidade de um acidentes nuclear. Precisamos exigir um cessar-fogo e a diminuição de hostilidade”, defendeu.

Costa Filho, no discurso, citou a legislação internacional que proíbe ataques a esse tipo de estrutura. “Isso deve ser respeitado o tempo todo. Peço que todas as partes se abstenham de qualquer ações que possam prejudicar”, frisou.

Ele concluiu. “Tenho preocupação com os últimos acontecimentos. Esse não é o momento para intensificar e inflamar a retórica”

Maior que Chernobyl

A usina foi alvo de intenso bombardeio russo. A central nuclear fica em Zaporizhzhia, na Ucrânia. Uma explosão poderia causar uma tragédia 10 vezes maior que o acidente em Chernobyl, em 1986 – até então a maior catástrofe do tipo –, segundo alertou o ministro das Relações Exteriores ucraniano, Dmytro Kuleba.

O incêndio, segundo o governo ucraniano, atingiu um prédio usado para treinamento, mas não houve mudança nos níveis de radiação, de acordo com a Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA).

Em pronunciamento gravado, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, acusou o mandatário russo, Vladimir Putin, de “querer repetir Chernobyl”. Ele afirmou que Putin usa “o terror nuclear” para causar pânico. O vídeo foi divulgado após uma ataque russo desencadear um incêndio na central.

“Alertamos o mundo inteiro para o fato de que nenhum outro país, exceto a Rússia, disparou contra usinas nucleares. Esta é a primeira vez em nossa história, a primeira vez na história da humanidade. Este estado terrorista está agora recorrendo ao terror nuclear”, criticou Zelensky na gravação dessa quinta-feira (4/3).

A usina de Zaporizhzhia foi cercada na quarta-feira (28/2). Tropas russas ocuparam o local e tomaram o controle da central nuclear.

Mapa regiões atacadas Ucrânia
Mapa ilustra os locais onde o país foi atacado

 

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