ONU acusa União Europeia de apoiar crimes contra a humanidade na Líbia
Investigadores da ONU denunciam uma série de crimes contra a humanidade que teriam sido praticados na Líbia contra civis e migrantes
atualizado
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Investigadores da Organização das Nações Unidas (ONU) afirmam ter encontrado indícios de que crimes contra a humanidade foram praticados na Líbia, que vive em colapso desde a queda de Muammar Gaddafi em 2011, e acusam a União Europeia de apoiar tais práticas.
As descobertas foram apresentadas em um relatório, divulgado nesta segunda-feira (27/3), que denuncia a prática generalizada de detenções arbitrárias, assassinatos, tortura, estupro, escravidão e desaparecimentos forçados no país.
Além disso, a Missão de Investigação Independente da ONU sobre a Líbia denunciou uma série de crimes contra migrantes, que usam o país como porta de entrada para a Europa.
O relatório aponta que “tortura sistemática e escravidão sexual” foram violações registradas contra migrantes no país. “O tráfico, a escravidão, o trabalho forçado, a prisão, a extorsão e o contrabando geraram receitas significativas para indivíduos, grupos e instituições do Estado”, diz.
Segundo as denúncias, migrantes são submetidos a tortura e exploração em centros de detenção sob o controle total ou parcial de autoridades do país.
Apesar de não culpar diretamente países membros da União Europeia por crimes de guerra, investigadores afirmaram que “o apoio dado ajudou e estimulou a prática dos crimes”.
“A missão tem motivos para acreditar que a União Europeia e seus estados membros, direta ou indiretamente, forneceram apoio financeiro e técnico e equipamentos, como barcos, à Guarda Costeira da Líbia e à Direção de Combate à Migração Ilegal que foram utilizados no âmbito da interceptação e detenção de migrantes”, aponta o documento.