Onda vermelha? O que explica vitória expressiva de Trump nos EUA
Vitória contundente de Trump contrariou indícios de cenário acirrado e imprevisível nas eleições norte-americanas deste ano
atualizado
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Horas antes da confirmação do resultado das eleições presidenciais dos Estados Unidos, acreditava-se, em razão das últimas pesquisas, que a disputa seria acirrada e imprevisível. A vitória de Donald Trump, no entanto, foi tão rápida e expressiva que surpreendeu a todos. O próprio QG da campanha dele mantinha certa apreensão em relação ao desempenho em alguns locais do país.
O candidato republicano superou a democrata Kamala Harris tanto em número de delegados quanto em votos populares. As projeções indicam, ainda, que ele deve confirmar a vitória em todos os sete estados-pêndulo, considerados, desde o início, decisivos para determinar quem seria o próximo presidente norte-americano.
Para completar a conta nada favorável aos democratas, Trump conseguiu avançar em locais considerados redutos do partido adversário. Essa combinação de fatores foi “matadora”, a ponto de anular, já no início da manhã desta quarta-feira (6/11), qualquer esperança de virada mantida pelos apoiadores de Kamala.
Maioria dos delegados
Até o momento, Trump garantiu 292 delegados no Colégio Eleitoral, contra 224 da democrata. Para se sagrar vencedor, ele teria de atingir 270. Ainda faltam fechar os resultados dos seguintes estados: Alasca, Arizona, Maine e Nevada.
O importante nos EUA é garantir a maioria de delegados, vencendo em estados importantes, com representação expressiva no Colégio Eleitoral, e não necessariamente obter a maioria dos votos populares. O republicano, no entanto, levou a melhor nos dois quesitos.
Quando Trump venceu Hillary Clinton, em 2016, e se tornou o 45º presidente do país, por exemplo, ele venceu no número de delegados, enquanto ela atingiu o maior número de votos entre os eleitores. Desta vez, o republicano mostrou uma força eleitoral maior, contrariando a perspectiva de pesquisas eleitorais.
Até o início da tarde desta quarta, ele havia atingido mais de 71,8 milhões de votos (52% do total), contra 67 milhões de Kamala. Trump garantiu a vitória em estados-chave e onde os institutos apontavam empate técnico ou, até mesmo, possível liderança da democrata.
Desempenho nos estados-chave
Os sete estados-pêndulo nas eleições deste ano foram: Geórgia, Michigan, Arizona, Nevada, Carolina do Norte, Wisconsin e Pensilvânia. Eles foram definidos assim por serem locais onde a preferência (republicano ou democrata) tende a mudar conforme o contexto da disputa eleitoral.
A cada pleito, esses locais atraem uma atenção especial e viram alvo de estratégias específicas das campanhas. Nos demais estados do país, existe uma tradição de preferência por cada um dos lados, e é mais fácil prever quem sairá vencedor, o que não acontece nos estados-pêndulo.
As pesquisas apontavam cenário de incerteza em todos eles. Em alguns, Trump aparecia com pequena liderança, mas dentro da margem de erro. A projeção de vitória dele nos sete estados, após o início da apuração dos votos, reforça ainda mais a contundência do feito.
Até o momento, o republicano venceu em cinco desses estados (Geórgia, Carolina do Norte, Michigan, Wisconsin e Pensilvânia). Nos demais, a apuração segue em andamento, mas com Trump na liderança e com indicativos de que assim continuará até o fim.
Nas eleições de 2020, Biden só perdeu em um desses sete estados-pêndulo (Carolina do Norte). Ou seja: o partido republicano conseguiu reverter a situação vivenciada há quatro anos e garantir a vitória.
Sinal vindo dos subúrbios norte-americanos
Outro indicativo de avanço eleitoral de Donald Trump veio dos subúrbios dos grandes centros urbanos dos Estados Unidos. Com votação maior do que nas eleições anteriores, nesses locais, o candidato mostrou, no início da apuração, que o resultado poderia ser diferente.
A “onda vermelha”, sonho dos trumpistas, deu indicativos de que poderia se tornar algo real. O republicano conseguiu reduzir a diferença em relação a pleitos anteriores em cidades conhecidas, historicamente, por serem de maioria democrata.
Em Phoenix, Nova Orleans e Kansas – capitais de estados republicanos, mas onde os democratas costumam vencer –, o apoio a Kamala Harris foi menor do que o esperado.
Isso aconteceu, também, em Minnesota, Novo México e Virginia, onde Harris saiu vitoriosa, mas com uma margem de diferença menor. O saldo final mostrou-se positivo a Trump, na comparação com o desempenho de 2020, em muitos redutos democratas.