Olimpíadas: cantor “azul’ diz quanto ganhou em papel na “Santa Ceia”
Em entrevista, o intérprete da música “Nu” falou que ganhou 200 euros para se apresentar na paródia da Santa Ceia na abertura dos Jogos
atualizado
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O cantor e ator francês Philippe Katerine, o homem “azul” da suposta paródia do quadro A Última Ceia, de Leonardo da Vinci, na abertura das Olimpíadas de Paris, revelou quanto ganhou para participar do evento.
Em entrevista ao portal Konbini, o intérprete da música “Nu” falou que recebeu cerca de 200 euros para se apresentar, aproximadamente R$ 1,2 mil. “Não sei quanto receberam os outros, espero que o mesmo que eu. Igualdade, fraternidade, certo?”, disse.
O cantor francês garantiu que o dinheiro não foi a principal motivação para participar do espetáculo. Alvo de críticas desde a apresentação, Philippe Katerine negou ter tido más intenções durante cerimônia de abertura das Olimpíadas.
“A visão de Thomas Jolly para essa música girava em torno da figura de Dionísio e da decadência das festas pagãs […] Foi a ideia de levar ao fundo uma mensagem de paz longe de qualquer ideia de religião ou blasfêmia ”, declarou. “Fui pintado de azul, minha cor favorita. Por ser azul e lantejoulas, concordei imediatamente porque acho lindo ”, acrescentou.
Ameaças
Um processo de investigação formal para averiguar ameaças de morte e assédio cibernético contra o diretor artístico da cerimônia de abertura dos Jogos Olímpicos de 2024, Thomas Jolly, foi aberto pelo Ministério Público de Paris, nesta sexta-feira (2/8).
Jolly prestou uma queixa de assédio cibernético às autoridades nesta semana. Segundo os promotores, ele foi alvo de mensagens nas redes sociais contendo ameaças e insultos, além de críticas à sua orientação sexual e supostas raízes israelenses. O diretor artístico se define como homossexual, mas não é judeu, e não tem nenhuma conexão imediata com Israel.
As acusações incluídas na denúncia são ameaças de morte devido à sua origem, ameaças de morte por conta de sua orientação sexual, insulto público devido à sua origem, insulto público devido à sua orientação sexual e difamação.
A investigação é a segunda a ser aberta envolvendo ataques a pessoas envolvidas na cerimônia de abertura. Nessa semana, a DJ francesa Barbara Butch, representante da cena queer, que participou da cerimônia, também prestou queixas por cyberbullying, após receber ameaças de morte nas redes sociais.
Polêmica entre religiosos e conservadores
Uma das passagens representadas durante a cerimônia de abertura das Olimpíadas de 2024 apresentava um grupo de pessoas LGBTQIA+ junto de um cantor seminu, sentado em uma tigela de frutas ao redor de uma mesa. Alguns críticos cristãos e conservadores interpretaram a cena como uma paródia da Última Ceia, de Leonardo da Vinci, o que gerou uma onda de repúdio advinda do grupo.
Thomas Jolly afirmou, repetidamente, que a obra-prima do italiano, que retrata a última refeição que Jesus teria compartilhado com seus apóstolos, não foi a inspiração para a cena na cerimônia, que representava um banquete pagão dos deuses gregos no Monte Olimpo.
Para historiadores da arte, a passagem parecia ser baseada na Festa dos Deuses, do artista holandês do século 17 Jan van Bijlert. Essa obra é, no entanto, vista como uma “releitura mitológica” da Última Ceia.
O comitê olímpico se desculpou por qualquer ofensa causada por partes da cerimônia e ofereceu seu “total apoio a Thomas Jolly e aos autores e artistas da cerimônia em face dos ataques dirigidos contra eles”.