Oito exigências impedem acordo de paz entre russos e ucranianos. Veja
Sem consenso, países acumulam três reuniões fracassadas. Ocidente pressiona por paz e alerta para uso de armas químicas
atualizado
Compartilhar notícia
Russos e ucranianos seguem sem conseguir se entender, e a reunião dessa quinta-feira (10/3) entre os chefes da diplomacia russa, Sergey Lavrov, e ucraniana, Dmytro Kuleba, não terminou bem.
Lavrov reclamou do fornecimento de armas de países do Ocidente para a Ucrânia. Kuleba acusou a Rússia de planejar o ataque ao país e de dificultar as negociações e o socorro aos feridos.
Sem consenso, a reunião, realizada na Turquia, entrou para a lista de tentativas fracassadas. Já foram três encontros do tipo.
Para o leitor entender o que impede o acordo de paz, o Metrópoles listou as exigências de cada país na negociação de um cessar-fogo.
Vejas as condições russas:
- Ucrânia se render militarmente;
- Mudar a Constituição garantindo que nunca irá fazer parte da Otan;
- Desistir de integrar a União Europeia;
- Reconhecer a região da Crimeia, anexada em 2014, como território russo;
- E reconhecer a independência de Donetsk e Lugansk.
Veja as condições ucranianas:
- Criação e respeito aos corredores humanitários de fuga;
- Cessar-fogo imediato;
- Retirada das forças russas da Ucrânia.
Troca de acusações
Lavrov foi enfático na reunião. “A Ucrânia planejou um ataque às regiões separatistas de seu país, que são apoiadas pelo governo da Rússia”, alegou.
Ele falou sobre o bombardeamento de um hospital em Mariupol, no sul da Ucrânia. “O hospital está sob o controle de radicais ucranianos, e não havia pacientes lá”, defendeu.
Kuleba resumiu: “Não houve progresso para se chegar a um cessar-fogo”. Segundo ele, a lista de demandas do russo é, na prática, uma exigência de rendição.
Os dois chanceleres voltam a se encontrar nesta sexta-feira (11/3).
Articulação de Macron
O chanceler da Alemanha, Olaf Scholz, e o presidente da França, Emmanuel Macron, exigiram um cessar-fogo imediato em telefonema ao presidente da Rússia, Vladimir Putin.
Macron e Scholz disseram a Putin que qualquer solução para a guerra na Ucrânia precisa ser alcançada por meio de negociações pacíficas.
Pressão de EUA e Reino Unido
Nos Estados Unidos, a reação contou com declarações firmes da secretária de Imprensa da Casa Branca, Jen Psaki. “Nada ficará sem respostas dos Estados Unidos. Haverá consequências para cada ação russa”, afirmou.
A secretária de Imprensa de Joe Biden voltou a alertar para o possível uso de armas químicas por parte da Rússia e condenou o ataque a hospitais. O ato foi classificado por ela como “algo brutal”.
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, fez declarações semelhantes e também citou armas químicas contra a Ucrânia. O premiê concedeu entrevista ao canal de notícias Sky News.
“Eles começam dizendo que os oponentes ou os norte-americanos têm armas químicas guardadas. Então, quando eles utilizam armas químicas – como eu temo que eles possam fazer –, eles têm uma história falsa para usar”, frisou.
A guerra
A invasão russa completa 15 dias nesta quinta-feira. As tropas de Putin avançam pelo país conduzido por Volodymyr Zelensky e deixam um rastro de destruição.
Cidades inteiras estão sem água, energia e aquecimento. Bombardeios a hospitais e áreas residenciais se intensificaram. Rotas humanitárias de fuga são desrespeitadas. Ao todo, 2,3 milhões de pessoas fugiram da Ucrânia.