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- Foto: Alessandra Benedetti – Corbis/Corbis via Getty Images
Em entrevista à agência russa de notícias Tass, o embaixador do país no Vaticano, Ivan Soltanovsky, afirmou que a visita do papa Francisco a Moscou e Kiev não está preparada por enquanto. Segundo ele, a mediação do sumo pontífice é vista com bons olhos, mas que o Ocidente está obstruindo a resolução do conflito.
“Sabemos da disponibilidade de Francisco para tais viagens no âmbito dos seus esforços para alcançar a paz. As suas boas intenções não suscitam dúvidas. Até onde sabemos, a questão de uma visita não é considerada de um ponto de vista prático neste momento”, disse Soltanovsky.
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A relação conturbada entre Rússia e Ucrânia, que desencadeou conflito armado, tem deixado o mundo em alerta para uma possível grande guerra
Anastasia Vlasova/Getty Images
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A confusão, no entanto, não vem de hoje. Além da disputa por influência econômica e geopolítica, contexto histórico que se relaciona ao século 19 pode explicar o conflito
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A localização estratégica da Ucrânia, entre a Rússia e a parte oriental da Europa, tem servido como uma zona de segurança para a antiga URSS por anos. Por isso, os russos consideram fundamental manter influência sobre o país vizinho, para evitar avanços de possíveis adversários nesse local
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Isso porque o grande território ucraniano impede que investidas militares sejam bem-sucedidas contra a capital russa. Uma Ucrânia aliada à Rússia deixa possíveis inimigos vindos da Europa a mais de 1,5 mil km de Moscou. Uma Ucrânia adversária, contudo, diminui a distância para pouco mais de 600 km
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Percebendo o interesse da Ucrânia em integrar a Otan, que é liderada pelos Estados Unidos, e fazer parte da União Europeia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, ameaçou atacar o país, caso os ucranianos não desistissem da ideia
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Uma das exigências de Putin, portanto, é que o Ocidente garanta que a Ucrânia não se junte à organização liderada pelos Estados Unidos. Para os russos, a presença e o apoio da Otan aos ucranianos constituem ameaças à segurança do país
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A Rússia iniciou um treinamento militar junto à aliada Belarus, que faz fronteira com a Ucrânia, e invadiu o território ucraniano em 24 de fevereiro
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Por outro lado, a Otan, composta por 30 países, reforçou a presença no Leste Europeu e colocou instalações militares em alerta
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Apesar de ter ganhado os holofotes nas últimas semanas, o novo capítulo do impasse entre as duas nações foi reiniciado no fim de 2021, quando Putin posicionou 100 mil militares na fronteira com a Ucrânia. Os dois países, que no passado fizeram parte da União Soviética, têm velha disputa por território
AFP
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Além disso, para o governo ucraniano, o conflito é uma espécie de continuação da invasão russa à península da Crimeia, que ocorreu em 2014 e causou mais de 10 mil mortes. Na época, Moscou aproveitou uma crise política no país vizinho e a forte presença de russos na região para incorporá-la a seu território
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Desde então, os ucranianos acusam os russos de usar táticas de guerra híbrida para desestabilizar constantemente o país e financiar grupos separatistas que atentam contra a soberania do Estado
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O conflito, iniciado em 24 de fevereiro, já impacta economicamente o mundo inteiro. Na Europa Ocidental, por exemplo, países temem a interrupção do fornecimento de gás natural, que é fundamental para vários deles
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Embora o Brasil não tenha laços econômicos tão relevantes com as duas nações, pode ser afetado pela provável disparada no preço do petróleo
Vinícius Schmidt/Metrópoles
Segundo o embaixador, é necessário levar em consideração que Francisco não é apenas um chefe e Estado, mas também um líder religioso. A própria Santa Sé afirmou que o sumo pontífice continua pronto para viajar à Rússia e à Ucrânia, mas que viagem dependeria dos lados do conflito, entre outros pontos.
Apesar da vontade e da prontidão do líder da Igreja Católica, Soltanovsky apontou que o problema está no Ocidente.
“Depois de iniciar a operação militar especial, recebemos uma proposta de Francisco para mediar o estabelecimento de um diálogo com o lado ucraniano, que foi repetidamente expressa posteriormente também”, explicou.
“A verdadeira barreira é a negação da necessidade de negociações, tanto por parte de as autoridades ucranianas, expressas na proibição legal de negociar com a Rússia, e por parte do Ocidente coletivo, fornecendo loucamente o regime de Kiev com armas modernas, empurrando-o, assim, para continuar as aventuras militares”, criticou.
Soltanovsky destaca que o Vaticano tem “uma posição neutra e equilibrada” e que o Francisco é completamente contra qualquer tipo de ação militar. “Agradecemos os seus esforços para estabelecer uma paz duradoura e justa”, continuou o diplomata na entrevista à Tass.
Mas com a posição do Ocidente, segundo Soltanovsky, o diálogo entre Rússia e Vaticano vai mais para o lado de “questões humanitárias específicas”. E o enviado do Vaticano, o cardeal Matteo Zuppi, tem ajudado muito nesse quesito.
“Na opinião da Santa Sé, os sucessos na via humanitária são importantes não só em si mesmos, mas também em termos de criar um ambiente mais favorável para encontrar caminhos para a paz e restaurar pelo menos a confiança mínima entre os países”, terminou o embaixador.
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