O que é o Grupo Wagner, que atua na Guerra da Ucrânia e entrou em conflito com o governo russo?
Grupo Wagner, formado por mercenários que ajudavam a Rússia na Guerra da Ucrânia, se rebela e promete ataques contra militares russos
atualizado
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São Paulo – O fundador e líder do Grupo Wagner, Yevgeny Prigozhin, afirmou nessa sexta-feira (23/6) que militares russos atacaram seus homens e prometeu vingança contra o comando militar do país. No início da madrugada de sábado, Prigozhin disse que cruzou a fronteira entre a Ucrânia e a Rússia com seus homens em direção à cidade russa de Rostov, no sudoeste do país.
Bloqueios foram montados em estradas da região pelas autoridades de segurança locais.
Ele ainda prometeu “destruir” aqueles que tentarem parar seus mercenários. As informações são da agência de notícias Deutsche Welle. Mas o que é o Grupo Wagner, que promete aumentar ainda mais as tensões na Guerra da Ucrânia?
O que é o Wagner?
Surgido em 2014, o Grupo Wagner é uma companhia privada de mercenários que atuam em guerras pelo mundo. Desde seu ano de fundação, o Wagner está presente na península ucraniana da Crimeia e chegou a ajudar forças separatistas apoiadas pela Rússia a tomar a região. Depois que a Rússia invadiu a Ucrânia, em 2022, o governo russo contou com a ajuda do grupo para avançar nas batalhas contra o exército de Volodymyr Zelensky, como nos embates das cidades de Bakhmut e Soledar.
Quem integra o grupo?
Acredita-se que o grupo paramilitar seja composto principalmente por ex-soldados de elite do exército russo, além de prisioneiros e civis do país de Putin. Em um vídeo que circula na internet desde setembro de 2022 mostra o líder do Wagner, Yevgeny Prigozhin, no pátio de uma prisão russa.
Ele fala com uma multidão de condenados e promete que, se eles atuarem na Ucrânia por seis meses, suas sentenças seriam alteradas. Estima-se que o Grupo Wagner tenha até 20 mil soldados lutando na Ucrânia.
Atuações fora da Ucrânia
O Grupo Wagner também já atuou no continente africano, fornecendo apoio e segurança para mineradoras russas e outros clientes. A Rússia tem sido acusada de usar o grupo como uma ferramenta para obter controle sobre os recursos naturais na África, bem como para influenciar a política e os conflitos em nações estrangeiras, incluindo Líbia, Sudão, Mali e Madagascar.
Também há notícias sobre a presença de combatentes do Grupo Wagner na Síria.
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Ligação com governo russo e grupos supremacistas
Desde o começo, o Grupo Wagner teve fortes ligações com o governo russo, mas as falas de Prigozhin mostram que a relação está abalada. Em nota divulgada neste sábado, o Krelim disse que Vladimir Putir já foi informado sobre os eventos relacionados a Prigozhin e afirma que “as medidas necessárias estão em andamento”. Em discurso televisionado, Putin chamou o motim de uma “punhalada nas costas”.
Os mercenários do grupo alegam abraçar as ideologias de extrema direita. Dmitry Utkin, fundador do Wagner, tem laços estreitos com uma organização supremacista branca e ultranacionalista conhecida como The Night Wolves (Lobos da Noite), um clube de motociclistas que recebeu sanções de EUA, Reino Unido e UE.
Acredita-se que os Night Wolves também sejam apoiados pelo governo russo, e as mídias sociais estão cheias de imagens de membros do Grupo Wagner promovendo o mesmo tipo de retórica de extrema direita dos “lobos da noite”.