Navio se mexe um pouco, mas continua encalhado no Canal de Suez
Expectativa é de que canal responsável por 10% do comércio mundial seja liberado no início da próxima semana
atualizado
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O cargueiro Ever Given, que está encalhado e bloqueando o Canal de Suez, no Egito, se moveu neste sábado (27/3), mas não o suficiente para voltar a flutuar e liberar o tráfego no local.
Segundo os responsáveis pela operação que visa liberar a via estratégica que liga o Mar Vermelho ao Mediterrâneo, existe a possibilidade de o canal ser liberado já no início da próxima semana.
O Ever Given tem 400 metros e pesa mais de 200 mil toneladas. O cargueiro está encalhado na diagonal, na parte sul do canal, após fortes ventos na região atingirem o navio, na última terça-feira (23/3).
O Canal de Suez é responsável por cerca de 10% do comércio marítimo internacional. Por dia, US$ 9,5 bilhões em mercadorias são transportados pelo canal.
Mais de 200 navios aguardam para fazer a travessia. Algumas empresas temem que, com a demora na liberação do canal, tenham que desviar a rota para contornar o Cabo da Boa Esperança, onde ataques de piratas são frequentes.
Escassez de papel higiênico e café instantâneo
De acordo com o jornal O Globo, caso a liberação do canal demore mais do que o esperado, poderá afetar a fabricação de de papel higiênico e a disponibilidade de café instantâneo.
A produção de papel higiênico está sendo afetada por conta da escassez de contêineres. O problema da exportação da celulose já era notado pelos fabricantes e, com o cargueiro encalhado, demora para ser resgatado.
A brasileira Suzano embarca sua celulose principalmente em navios de carga geral, conhecidos como “break bulk”. Com o aumento da demanda por navios que transportam contêineres de aço, sobram menos embarcações usadas para levar a celulose, ameaçando as vendas da empresa para o exterior, disse o diretor-presidente da Suzano, Walter Schalka, em entrevista à Bloomberg.
O medo é que a situação vire uma bola de neve e só piore nos próximos meses, destaca Schalka. Ele acredita que, se as fábricas não tiverem estoques de papel higiênico, a pausa no fornecimento da celulose pode ser um grande problema.
Mesmo o Brasil não usando a rota para exportar seu café, a hidrovia é mais conhecida por sua importância nos mercados de energia do que por commodities agrícolas, como, por exemplo, o café. O café consumido na Europa é, por maioria, importado da África Oriental e da Ásia, e, por conta da localização, fluem pelo Suez.